Título: Soja sobe 4,22% e engorda IGP-M
Autor: Alessandra Saraiva
Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2006, Economia, p. B10

Com o preço da soja em alta no atacado (4,22%), a segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) foi de 0,24% em outubro, acima de igual prévia do mesmo indicador em setembro (0,21%). Segundo informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a taxa só não foi maior por causa da queda nos preços dos combustíveis no atacado (-2,34%), que ajudou a segurar a inflação.

O IGP-M é usado para calcular o reajuste nos preços de aluguel e de energia elétrica. Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o resultado da segunda prévia - que abrange o período de 21 de setembro a 10 outubro - renova as apostas para uma taxa em torno de 0,30%, no índice fechado de outubro.

Em ocasiões anteriores, o economista já havia dito que o cenário atual de inflação é de IGPs mensais na faixa de 0,30%. 'Não temos nenhum tipo de choque de preços; e também não há quebra de safra, de algum produto importante (na inflação)', considerou. '(No IGP-M de outubro) podemos ter um resultado acima de 0,29%, mas não deve chegar perto de 0,37%', disse, citando o resultado do IGP-M de agosto.

Até a segunda prévia de outubro, o IGP-M acumula altas de 2,5% no ano e de 2,9% em 12 meses - pressionado, principalmente, pelos preços do atacado, de maior peso na formação do indicador. Da segunda prévia de setembro para igual prévia em outubro, a alta nos preços no setor passou de 0,27% para 0,32%, causada principalmente pelo comportamento da soja.

Quadros destacou o fato de a soja ser o produto agrícola de maior peso na inflação no atacado. 'Além do mais, esse produto tinha registrado queda de 1,48% na segunda prévia do IGP-M de setembro', acrescentou. O atual comportamento de preços no produto pode estar relacionado ao começo do período de entressafra da soja, que sempre ocorre no último trimestre do ano, e diminui a oferta no mercado.

Além do atacado, os preços da construção civil também aceleraram, passando de 0,07% para 0,15%, da segunda prévia de setembro para igual prévia em outubro, pressionado pela alta nos preços de materiais e serviços (0,22%).

Assumindo trajetória contrária aos preços do atacado, o aumento dos preços no varejo perdeu força, e passou de 0,13% para 0,07%. Mas o comportamento do setor não foi o suficiente para conter a influência das altas nos preços do atacado e da construção civil na prévia do IGP-M anunciada ontem.