Título: Teerã ameaça Europa por vínculo com Israel
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Fonte: O Estado de São Paulo, 21/10/2006, Internacional, p. A28

O presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ameaçou ontem a Europa, afirmando que o continente estimula o ódio no Oriente Médio por seu apoio a Israel . 'Avisamos aos europeus que os americanos estão longe, mas vocês são vizinhos das nações dessa região', advertiu Ahmadinejad, durante um discurso na Universidade de Teerã. 'Por isso, o continente pode sair ferido.'

As declarações do presidente iraniano ocorreram um dia após o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, dizer que Teerã terá um 'preço a pagar' por seu programa nuclear. Ahmadinejad rebateu afirmando que Israel está destinada a 'desaparecer'.

O presidente iraniano também advertiu que o país 'não tolerará nenhuma pressão' por causa de seu programa nuclear. A comunidade internacional quer exige que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio - processo que pode ser usado para produzir energia ou bombas. Teerã alega que seu programa nuclear é pacífico.

O líder iraniano também defendeu os palestinos. 'Meu desejo e minha esperança são que a Palestina triunfe e Israel seja destruído.' O discurso ocorreu durante o Dia de Jerusalém, feriado dedicado todos os anos a manifestações contra Israel. Ahmadinejad voltou a negar o Holocausto, qualificando o massacre de milhões de judeus na 2ª Guerra como 'falsa lenda'. 'Mesmo se considerarmos o Holocausto verdadeiro, por que os palestinos devem pagar por isso?', questionou.

A reação às declarações foram indignadas. 'Condeno os comentários inaceitáveis feitos por Ahmadinejad', disse em comunicado o ministro de Relações Exteriores francês, Philippe Douste-Blazy. Um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse que a fala 'infelizmente não foi uma surpresa', referindo-se aos constantes ataques do iraniano.

Os países da União Européia (UE) devem circular no Conselho de Segurança das Nações Unidas, no início da próxima semana, um rascunho de um projeto de sanções ao Irã, pelo fato de o país não interromper o enriquecimento de urânio. Apesar de não apoiarem sanções duras, como querem os EUA, os europeus chegaram a um consenso que as negociações sobre um pacote de incentivos políticos e econômicos para o país fracassaram, mas mantêm a porta aberta para novas conversas.

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