Título: Coréia fará novo teste se EUA mantiverem 'pressão'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2006, Internacional, p. A11

O ditador norte-coreano, Kim Jong-il, disse ao enviado de Pequim Tang Jiaxuan que, apesar de Pyongyang não planejar realizar mais testes nucleares por enquanto, pode voltar a fazê-los no futuro, caso Washington 'mantenha a pressão', segundo fontes diplomáticas citadas ontem pela agência japonesa Kyodo. As fontes revelaram novos detalhes sobre a reunião que Kim e Tang, conselheiro de Estado de Política Internacional da China, realizaram na quinta-feira para discutir a crise deflagrada por Pyongyang com o teste nuclear do dia 9, punido pela ONU com um embargo de armas pesadas, entre outras medidas. Segundo as fontes, Kim ressaltou que a realização de novos testes depende da política de Washington em relação a Pyongyang. A Coréia do Norte 'será obrigada a responder, caso os EUA mantenham a pressão', ameaçou Kim, segundo as fontes.

Kim também teria afirmado que os EUA tentam esmagar a Coréia do Norte com sua 'política hostil' e as sanções econômicas unilaterais que a Casa Branca impôs em 2005. Essas sanções punem várias instituições financeiras, entre elas um banco de Macau, acusadas de lavar dinheiro para obter divisas que seriam usadas na compra de tecnologia de armas de destruição em massa para a Coréia do Norte, segundo os EUA.

Por causa dessas sanções financeiras, a Coréia do Norte se retirou em novembro das conversações com a Coréia do Sul, EUA, China, Japão e Rússia sobre o programa nuclear norte-coreano. Kim, segundo a Kyodo, reiterou a Tang que voltará às negociações multilaterais se os EUA suspenderem as sanções unilaterais.

No entanto, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse no sábado que o regime de Kim parece mais inclinado a ampliar a crise em vez de resolvê-la. Ao concluir uma visita à Ásia, Condoleezza afirmou que, em sua passagem por Pequim, nenhuma autoridade chinesa lhe disse que Kim se arrependera do primeiro teste e não teria planos para outro.