Título: 'A gente não conserta Marcola botando na escola'
Autor: Gabriel Manzano Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Nacional, p. A16

O candidato pedetista à Presidência, Cristovam Buarque, defende a criação de um Ministério da Segurança Pública e tratamento rigoroso dos líderes do crime nas cadeias. "A gente não conserta o Marcola botando na escola", afirmou ele durante a entrevista no Estado. "É preciso também", prosseguiu, "mudar o sistema presidiário. Prender batedor de carteira com batedor de carteira, assassino com assassino." Também propôs a convocação de 1 milhão de jovens para o serviço militar. "Custaria R$ 2,4 bilhões. É melhor do que depois enfrentar esses jovens na criminalidade." A seguir, outros temas que ele abordou na entrevista:

EXÉRCITO FORA

É preciso manter o Exército fora disso (do combate à criminalidade). Colocar Forças Armadas combatendo crime nas ruas é conspurcar nossa tradição militar. Se eles fracassarem, o que é que a gente faz? E se der certo, ah, eles não voltam mais para o quartel, não...

RIGOR NA PRISÃO

Defendo sim o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado, que propõe isolamento completo do preso). Não há outra saída. E eu sou presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado.

LULA E O PT

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já saiu do PT. Não tem mais a estrela nem a cor (do partido) nas peças de campanha. O partido se acomodou, em grande parte pelo vício de ser governo, e vai pagar sozinho pelos erros cometidos. Eu saí ao perceber o acomodamento do PT.

LIBERDADE

Duas coisas que não quero, no governo: dizer o que vai ser impresso nos jornais nem quanto vai ser impresso na Casa da Moeda.

SANGUESSUGAS

É bom investigar os três membros do Senado listados no escândalo das ambulâncias. Não tenho provas de que erraram, mas se elas existirem, eu voto pela punição. Quero lembrar que o PDT não tem nenhum nome nessa lista.

CONGRESSO

Não sei se a próxima legislatura será pior que a atual. Tem de haver uma grande concertação no próximo governo. Mas com a cláusula de barreira serão só cinco ou seis para discutir.

SEGUNDO TURNO

Quem decide o apoio é o partido. Mas se for a Heloisa Helena para o segundo turno vai dar confusão. Ela teria de afinar um pouco mais seu programa de governo. Garantir, por exemplo, que não vai voltar a inflação.

REFORMA POLÍTICA

A reforma política deve acabar com a reeleição e permitir só uma reeleição no Legislativo. Os candidatos, automaticamente, teriam quebrados os sigilos bancário e fiscal. E defendo o voto por lista, mas permitindo ao eleitor apontar seu candidato numa segunda opção.

CORRUPÇÃO

Temos de mudar o nome de corrupção para ladroagem. E essa ladroagem de dinheiro público tem de virar crime hediondo. Ele desmoraliza o País.