Título: PF desmonta esquema de lavagem de dinheiro em Roraima
Autor: Zequinha Neto
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Nacional, p. A23

A Polícia Federal de Roraima prendeu ontem cinco empresários e o presidente da Companhia de Água e Esgoto do Estado, Evandro Moreira. A operação, batizada de Exodus, investiga remessas ilegais de dinheiro para o exterior. Há suspeita de que o dinheiro se origine de desvios de recursos públicos e contrabando de diamantes.

O superintendente da PF, Cláudio Lima de Souza, disse que as ilegalidades envolvem pelo menos R$ 190 milhões. Evandro Moreira é cunhado do governador Ottomar Pinto (PSDB), candidato à reeleição, e apontado como uma das pessoas mais importantes do esquema político de Ottomar.

Também estão detidos os empresários Alecimar Pereira Bastos, Walter Vogel, Pedro José de Lima Reis, Jan Roman Wilt e Fernando Ferreira de Oliveira. Todos são acusados de crime contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Além das prisões, os policiais cumpriram 15 mandados de busca e apreensão e recolheram computadores, documentos, carros, armas de vários calibres e um avião. A operação envolveu agentes da Receita Federal e da PF de Roraima.

Com a quebra de sigilo bancário, a PF teve acesso a documentos que mostram simulações para fugir à fiscalização e irregularidades com contas CC-5 (usadas para remessa de divisas ao exterior). A PF informou que foram detectadas movimentações financeiras não declaradas à Receita provenientes ou destinadas ao Brasil, em contas correntes e subcontas administradas por instituições bancárias nos Estados Unidos. Algumas contas e subcontas, segundo delegados que coordenam a operação, tinham como titulares empresas offshore, com sede em paraísos fiscais, mas eram movimentadas por brasileiros, seus procuradores. A PF suspeita de que essas empresas eram de fachada, servindo para acobertar atividades ilícitas.

O auditor da Receita Roney Freire, um dos coordenadores da ação, admitiu que as prisões de ontem podem ter ligação com as Operações Gafanhoto e Faraó. Em novembro de 2003, a Gafanhoto desmontou esquema de fraude na folha de pagamento dos funcionários do Estado, responsável pelo desvio de até R$ 320 milhões. A PF prendeu mais de 50 pessoas, incluindo o ex-governador Neudo Campos.

A Faraó, de 2004, é uma continuação. Nela foram presos dois ex-secretários estaduais de Fazenda, um ex-secretário do Tesouro e quatro empresários, acusados de desviar dinheiro da folha de pagamentos. A quadrilha seria responsável por um rombo de R$ 31,6 milhões.