Título: Mortes por armas de fogo caíram após Estatuto
Autor: Adriana Carranca
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2006, Metrópole, p. C6

Contrariando expectativas, as vendas em lojas e indústrias de armas diminuíram no último ano. O dono da loja Ao Gaúcho, Sérgio Maresca, conta que a média mensal de vendas de armas caiu de sete no ano passado para cinco este ano.

Já o conselheiro administrativo da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), Marco Antônio de Castro, diz que a diferença do referendo foi só para a sociedade pelo direito de escolha. 'As vendas continuam no mesmo patamar.' Para Maresca, o aquecimento do mercado deve-se às vendas para o setor de segurança pública e privada, pois, depois de entrar em vigor o Estatuto do Desarmamento, em dezembro de 2003, a burocracia inviabiliza a compra para um civil. 'O sentimento é de que as pessoas estão indo para o mercado negro, pois não se consegue uma arma por menos de R$ 2,5 mil', afirmou Bene Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil.

Para o Ministério da Justiça, o Estatuto do Desarmamento continua sendo um forte inibidor do uso de armas de fogo e ainda produz reflexos nas taxas de homicídios do País. De acordo com dados de 2004, quando entrou em vigor a nova lei, morreram 36.091 pessoas por arma de fogo, 8,2% menos que em 2003, quando foram registradas 39.325 mortes. No ano passado, a redução foi de quase 6% e a tendência de queda permanece.

Depois de 13 anos de aumento constante, foi a primeira vez que o número de mortes por armas de fogo caiu no País. O ministério vê o fato como conseqüência direta da campanha do referendo. Foram recolhidas mais de 500 mil unidades de todos os calibres.

Segundo o levantamento do ministério, quase todos os Estados tiveram redução no número de mortes e também de ferimentos por armas de fogo. No Rio, as internações caíram 10,5%. Apenas os Estados com baixa adesão à campanha não tiveram redução de violência no período. O Rio Grande do Sul, por exemplo, registrou aumento de 9,2% no número de mortes.