Título: Lula festeja 61 anos e sonha com reeleição de presente
Autor: Tânia Monteiro, Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2006, Nacional, p. A6

Ao festejar seus 61 anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem não acreditar em 'golpe baixo' na reta final da eleição. Durante festa com 500 militantes petistas no estacionamento do Palácio da Alvorada, ele ressaltou, bem-humorado, que espera fazer parte do clube das pessoas que passaram dos 90 anos, como Oscar Niemeyer e Dona Canô. 'Peço a Deus saúde. Se Ele me der saúde, o resto a gente conquista.'

Os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Waldir Pires (Defesa), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Márcio Fortes (Cidades) foram para a festa em carro oficial. Por sua vez, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, preferiu evitar polêmica e ir de carona no carro da mulher. O uso de veículos de órgãos públicos em eventos de campanha causa discussão. Uma norma recente do Conselho de Ética da Administração sustenta que o uso é permitido por questões de segurança.

Antes de soprar as velas e posar com crianças perto de um bolo de 10 quilos, decorado com estrelas do PT, Lula disse que 'obviamente' ficará 'eternamente grato' se receber de presente a reeleição. 'Se o povo brasileiro for generoso mais uma vez e se der o seu voto de confiança, obviamente só posso agradecer a Deus', disse. 'Agora é trabalhar e cada vez mais comemorar os 62, 63 e, se Deus me ajudar, atingir a idade das pessoas que passaram dos 90.'

A uma pergunta sobre se acredita que haverá algum 'golpe baixo' da oposição antes da realização do segundo turno das eleições, amanhã, Lula respondeu que não há espaço para isso. 'Acho que o povo brasileiro está bastante consciente do que está acontecendo na política nacional e cada vez mais as coisas vão ficando claras e as pessoas vão percebendo o que é e o que não é verdade', afirmou.

O presidente-candidato também foi cauteloso ao comentar se já estava com a 'mão na taça', em uma referência à eleição. 'Nada está decidido. Há uma posição importante, mas acho que tem de esperar domingo, às 5 horas da tarde, para ver o que vai acontecer no Brasil.'

BOLO

Depois do Parabéns a Você, Lula entregou o primeiro pedaço de bolo à mulher, Marisa Letícia, e comeu uma estrela do PT feita de açúcar. O casal passou cerca de uma hora cumprimentando os militantes antes de voltar para o Palácio da Alvorada. Os petistas não abriram mão de roupas, bandeiras e balões vermelhos e só demonstraram impaciência quando o presidente resolveu conversar com os jornalistas. 'Sai, Rede Globo, deixa o Lula vir para o povo', gritou uma petista. 'Arrebenta o Alckmin, presidente', gritou outro.

Lula vestia um conjunto de ginástica, com a marca do Senai. Já a primeira-dama, uma blusa e uma calça jeans. O presidente-candidato ganhou de militantes duas santas, uma Bíblia e uma cesta com produtos produzidos por sem-terra. Embora comemore no dia 27 o aniversário, em seu registro de nascimento consta a data 6 de outubro. Lula sempre disse que o que vale é a data que a mãe dele, Dona Lindu, considerava correta.

ABRAÇO

De terno e gravata de grife, Márcio Thomaz Bastos recebeu um demorado abraço do presidente. Surpreso com os pedidos de autógrafos e beijos, o ministro da Justiça brincou com tanto assédio: 'Vocês viram. Estou forte nos braços do povo.'

Ao comentar o clima da campanha, Bastos disse que os adversários não conseguirão derrotar o presidente Lula no 'tapetão'. Segundo sua avaliação, por parte da oposição existem somente 'desejos' de cassar o registro por conta das investigações sobre a origem do dinheiro para a compra do dossiê Vedoin - que conteria acusações contra políticos tucanos e a que se atribuiu a ida ao segundo turno. 'Não existem fatos que signifiquem a existência de qualquer crime eleitoral', disse.

Ele afirmou que é 'evidente' que Lula só teve prejuízo com o dossiê. 'O resto é elucubração, é vontade de tirar efeitos eleitorais de uma investigação.'