Título: Bush faz advertência: Irã com armas nucleares será 'inaceitável'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 23/10/2006, Internacional, p. A25

O presidente americano, George W. Bush, disse ontem que a idéia de um Irã com armamento nuclear é inaceitável e a comunidade internacional precisa redobrar seus esforços para impedir que Teerã obtenha armas atômicas.

A declaração de Bush foi feita em meio ao anúncio de que o Irã ampliou seu programa de enriquecimento de urânio injetando o gás hexafluoreto de urânio em um segundo conjunto de 164 centrífugas na usina de Natanz.

Segundo a agência iraniana semi-oficial Isna, uma fonte do governo de Teerã disse que o gás foi injetado com sucesso nas centrífugas há duas semanas. No começo da semana, a mesma agência havia anunciado que o gás seria injetado nos próximos dias. O Irã produziu uma pequena quantidade de urânio pouco enriquecido em abril no primeiro conjunto de 164 centrífugas também instaladas em Natanz.

A agência indicou que a segunda série teria duplicado a capacidade de enriquecimento de urânio do Irã. Especialistas ocidentais estimam que somente em um prazo de 3 a 10 anos e com milhares de centrífugas o Irã poderia produzir urânio suficiente para armas atômicas.

Bush disse que estava ciente da 'especulação' e condenava a medida. 'Se eles dobraram ou não (a capacidade de enriquecimento), a idéia de um Irã com uma arma nuclear é inaceitável', disse o presidente americano, acrescentando que os iranianos precisam saber que terão apenas o isolamento do mundo se continuarem trabalhando em tal programa.

O Irã - o segundo produtor mundial de petróleo - assegura que seu programa nuclear busca apenas suprir a crescente necessidade de energia, mas os EUA e outros países temem que Teerã esteja tentando obter armas nucleares.

A ampliação do programa de enriquecimento é vista como um ato de desafio de Teerã. Os cinco membros permanente do Conselho de Segurança da ONU - EUA, Grã-Bretanha, França, China e Rússia - discutem em Nova York sanções a Teerã por não ter atendido o prazo de 31 de agosto dado pela ONU para que parasse de enriquecer urânio. O presidente francês, Jacques Chirac, manifestou ontem seu apoio às sanções contra o Irã, mas disse que elas deveriam ser 'temporárias e reversíveis'.

O ministro de Defesa da Rússia, Serguei Lavrov, disse ontem que a capacidade do Irã de enriquecer urânio não era motivo de preocupação e acrescentou que é prematuro dizer que Teerã está pronto para produzir urânio para uso militar. 'É essencial que os trabalhos em Natanz estejam sob controle total e absoluto da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e não dêem lugar a insinuações', disse Lavrov.