Título: Governo italiano aprova tropas para a força de paz no Líbano
Autor: AP, AFP E REUTERS
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Internacional, p. A25

O gabinete de governo e o Parlamento da Itália aprovaram ontem o envio de tropas para a força internacional de paz da ONU estacionada no Líbano, a Finul. A Finul tem apenas 2 mil soldados, mas passará a contar com 15 mil, conforme determinado pela resolução do Conselho de Segurança da ONU que, na semana passada, impôs o cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah.

Embora o governo italiano não tenha especificado o número de soldados, funcionários disseram que o contingente poderá ter até 3 mil homens. Além disso, o ministro da Defesa, Arturo Parisi, informou que o país poderia assumir a responsabilidade de liderar a operação. A previsão, no momento, é que a Itália seja a vice-líder da Finul.

Atualmente a força está sob o comando da França, que esta semana aceitou comandar a operação até fevereiro. Mas o país está sendo criticado porque só se ofereceu para dobrar seu atual contingente, de 200 soldados. Ontem o presidente dos EUA, George W. Bush, pediu que a França aumente sua quota: "Há diferentes sinais da França. Esperamos que eles enviem mais soldados."

Tanto a França como a Itália se queixam de que o mandato da Finul não está claro e exigem que a ONU esclareça qual será sua atribuição. "Você tem de dizer para as tropas por que elas estão lá. É claro que é para apoiar o Exército libanês, mas até que ponto? Em quais áreas? Também precisamos saber quais serão os meios materiais e judiciais à nossa disposição", disse a ministra francesa da Defesa, Michele Alliot-Marie. A maior preocupação da França e de outros países é como as tropas devem agir quanto ao Hezbollah, já que o governo libanês não tomou nenhuma decisão para desarmá-lo.

Ontem Israel comunicou sua objeção a que países com os quais não tem laços diplomáticos enviem tropas para a Finul. Malásia e Indonésia, que ofereceram, cada uma, mil soldados, não reconhecem Israel. A ONU fez um apelo aos europeus para que contribuam mais, para que haja equilíbrio entre a participação do Ocidente e de países islâmicos. Além disso, a ONU espera reunir 3.500 homens até o dia 28.

RECONSTRUÇÃO O Hezbollah começou a entregar ontem US$ 12 mil em dinheiro para famílias cujas casas foram destruídas pelos bombardeios israelenses em Beirute. O dinheiro é para o pagamento do aluguel e mobília de uma casa por um ano, período em que o grupo se compromete a reconstruir as cerca de 15 mil residências destruídas ou entregar outras aos sem-teto.

O chefe do Conselho de Desenvolvimento e Reconstrução do Líbano, Al-Fadl Shalaq, estimou em US$ 3,6 bilhões os danos à infra-estrutura e casas. Em Israel, o governo avalia os prejuízos em US$ 5,3 bilhões, incluindo gastos militares, danos a infra-estrutura e residências e perdas para a economia.

Na madrugada local de hoje, a aviação israelense atacou um alvo na vila de Bodai, reduto do Hezbollah no leste do Líbano. Não há informações sobre vítimas. Foi o primeiro ataque aéreo israelense no Líbano desde o início da trégua.