Título: Bush ataca decisão que proíbe escuta telefônica
Autor: AP, REUTERS E AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Internacional, p. A32

O presidente dos EUA, George W. Bush, atacou ontem a decisão da véspera de uma juíza americana de ordenar o fim das escutas telefônicas sem ordem judicial. O recurso tem sido usado com freqüência por funcionários das agências de inteligência engajadas na guerra contra o terror.

"Desaprovo fortemente essa decisão", declarou Bush em rápido encontro com jornalistas na residência presidencial de Camp David, perto de Washington. "É por isso que dei instruções ao Departamento de Justiça para que recorra imediatamente. E creio que nossa apelação será considerada."

"Os que se congratulam com essa decisão (judicial) simplesmente não compreendem a natureza do mundo em que vivemos", prosseguiu Bush. Como prova de que a ameaça terrorista persiste, o presidente americano lembrou o suposto plano de terroristas da Al-Qaeda de explodir vários aviões em pleno vôo, anunciado na semana passada pela polícia britânica.

As escutas foram consideradas inconstitucionais pela juíza federal de Michigan Anna Diggs Taylor. A decisão se estende às mensagens de e-mails, cujo sigilo não pode ser violado.

"Acreditamos que (as escutas) sejam constitucionais", continuou Bush. "Nosso país está em guerra e devemos distribuir responsabilidades, mas também as ferramentas necessárias para proteger o país em tempos de guerra."

A legalidade do programa de escutas telefônicas sem mandado judicial é objeto de grande polêmica desde dezembro de 2005. O plano, elaborado pela administração Bush, foi descoberto por jornais americanos.

"Em nossa visão, o programa é legal", declarou o secretário de Justiça, Alberto Gonzales. Segundo ele, o plano de interceptação de mensagens é revisado periodicamente por uma equipe de advogados, "para garantir sua efetividade e legalidade".