Título: Ameaça de bomba desvia avião
Autor: AP, REUTERS E AFP
Fonte: O Estado de São Paulo, 19/08/2006, Internacional, p. A32

Uma mensagem indicando a presença de uma bomba em um avião foi encontrada ontem em um vôo que fazia a rota entre a Grã-Bretanha e o Egito. A ameaça obrigou a aeronave a parar no aeroporto de Brindisi, no sul da Itália. O avião, com 269 passageiros e nove membros da tripulação, foi acompanhado por um caça F-16 até o aeroporto no sul da Itália. "Neste avião há uma bomba", dizia a mensagem, escrita em inglês em um saco de vômito encontrado no Boeing 767 da companhia britânica Excel.

O piloto decidiu então aterrissar e uma inspeção foi realizada na aeronave. Após a checagem, a polícia local negou que houvesse explosivos. "O alarme foi cancelado", disse o chefe da polícia de fronteira de Brindisi, Salvatore de Paolis.

Este desvio de rota é o último de uma série depois que, na semana passada, a polícia britânica anunciou a descoberta de um complô terrorista para derrubar dez aviões na rota entre a Grã-Bretanha e os EUA. O plano seria executado com explosivos líquidos. Foram detidos 24 suspeitos, mas um deles já foi libertado, sem acusações.

Ontem, a polícia teria encontrado, durante as investigações do complô, pelo menos doze vídeos de "mártires", segundo a BBC. Os vídeos estavam em computadores portáteis e teriam aparentemente sido gravados por alguns dos suspeitos detidos na semana passada. Oficialmente, porém, a Scotland Yard se negou a comentar o fato. A polícia disse apenas que centenas de homens procuram pistas sobre o complô terrorista em toda a Grã-Bretanha. A investigação está sendo considerada uma das maiores já realizadas no país.

Na semana passada, um funcionário da polícia americana já havia divulgado que um um vídeo havia sido encontrado nas buscas. Na quinta, a BBC também noticiou que um policial informou ter encontrado uma maleta com instruções para a fabricação de explosivos.

O anúncio do suposto complô levou a um aumento do controle nos aeroportos britânicos, inclusive com a proibição de líquidos na bagagem de mão - com exceção de remédios e leite para crianças. O aumento da segurança causou atrasos e cancelamento de vôos, trazendo prejuízo econômico para as empresas.

PROTESTO A irlandesa Ryanair ameaçou ontem processar o governo britânico caso, em uma semana, as medidas de segurança não sejam atenuadas. A companhia, voltada para vôos de baixo custo, informou que o aumento da segurança a partir da última semana já lhe custou # 2 milhões (US$ 3,8 milhões).

Ryanair pede o fim da exigência de que todos os passageiros sejam revistados e da limitação da bagagem de mão a uma bolsa de tamanho suficiente para levar um computador portátil.

Caso os pedidos não sejam cumpridos, além do processo, a empresa divulgou que pediria aos passageiros que chegassem mais cedo nos aeroportos - para evitar mais atrasos - e repassaria o custo extra em segurança para as passagens.

O ministério dos Transportes britânico, porém, divulgou nota afirmando não ter a "intenção de comprometer a segurança" das pessoas. Segundo o ministério, não está prevista nenhuma mudança nas normas "para os próximos sete dias".

Não bastassem os problemas causados pelo reforço na segurança, o aeroporto londrino de Stansted - terceiro mais movimentado da Grã-Bretanha, que recebe vários vôos de toda a Europa - enfrenta uma ameaça de greve de funcionários, que coincidiria com um feriado no último fim de semana de agosto.

Os funcionários querem melhores salários. Entre os que podem parar estão os encarregados de carregar bagagens e de fazer o check-in.

VIRGÍNIA OCIDENTAL As autoridades americanas concluíram que os "líquidos suspeitos" que causaram o esvaziamento de parte do maior aeroporto da Virgínia Ocidental na quinta-feira não tinham traços de explosivos. A mulher que levava os frascos - de gel facial e outros produtos - era paquistanesa e usava véu islâmico. Após interrogatório, ela foi liberada sem acusações.