Título: Partido quer reger política econômica
Autor: João Domingos
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2006, Nacional, p. A4

Na primeira reunião do conselho político do PT - formado pelo presidente interino, Marco Aurélio Garcia, e outros dirigentes partidários - com o governo, a legenda deixou claro que vai brigar para manter seu espaço na administração e para orientar o projeto do segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente em relação à política econômica. O partido quer que ela seja mais voltada para o desenvolvimento e menos para o ajuste fiscal. O encontro ocorreu no gabinete do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, no Palácio do Planalto.

'O PT vai reivindicar para si as peças que sejam mais coerentes para o projeto do segundo mandato, que deverá ser voltado para o desenvolvimento econômico, universalização da educação e mudanças no câmbio', disse a vice-presidente do partido, deputada Maria do Rosário (RS), que integra o conselho político. 'Nós ainda não falamos de quais cargos o partido quer. Isso vai ser decidido pelo conselho', disse ela. 'Mas é claro que deverão ser postos que influenciem a política de desenvolvimento e a política econômica.'

Fazem parte ainda do conselho político petista Joaquim Soriano, Jilmar Tatto, Renato Simões, Paulo Ferreira e Valter Pomar, todos da Direção Nacional do partido. A reunião foi parte da estratégia da legenda de transformar suas negociações com o governo em encontros oficiais. 'Achamos que isso torna mais fáceis as nossas reivindicações dentro do governo', disse Maria do Rosário.

Para o deputado Renato Simões, a reunião serviu para, institucionalmente, dar início às conversações com o governo por parte dos partidos que vão formar a coalizão. E, principalmente, porque o PT marcou posição em relação ao espaço que deverá ter no governo. 'Quanto mais melhorarmos nossa relação com o governo, mais teremos condições de influenciar nas políticas de desenvolvimento e econômica e de assegurar o espaço do partido no governo.'

Maria do Rosário afirmou que o PT, por ser a legenda do presidente da República, deve ser também a que dará a orientação política para a coalizão - que deverá ter, entre outros partidos, PMDB, PC do B, PSB, PRB e PP. Outros, como o PDT e o PV, estudam a possibilidade de também fazer parte da frente pró-Lula no Congresso.

No encontro, Garcia disse a Tarso que pretende convidar os presidentes dos partidos aliados para uma reunião da coligação. Depois, o conselho político do PT também quer participar de nova reunião, para falar da forma como a legenda pretende se relacionar com os demais parceiros.

ESPAÇOS ORIGINAIS

Garcia disse que não há 'espaços originais' do PT no governo e não vai haver problemas para abrir lugar para aliados no segundo governo de Lula. Segundo ele, o encontro do Diretório Nacional de domingo já definiu que o PT vai defender o governo de coalizão. 'Não há espaços originais no governo, até porque muitos espaços que alguns chamam de originais já foram alterados. Ministérios que foram do PT deixaram de ser e outros que não eram passaram a ser', afirmou Garcia .

Ele repetiu a tese do Diretório Nacional de que o PT é a favor da coalizão em torno do programa de governo, especialmente da questão do crescimento econômico, da distribuição de renda e da reforma política. Mas a partilha de cargos cabe apenas ao presidente.