Título: Petistas sinalizam que podem desistir de briga na Câmara
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2006, Nacional, p. A5

O presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, confirmou ontem que a bancada petista na Câmara pretende apresentar candidato à presidência da Casa, apesar das objeções do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas Garcia aposta que a decisão não é 'irredutível' e não prejudicará negociações com os aliados. 'O PT tem candidato, depois verá se vai mantê-lo ou não. Simplesmente isso. Vai depender do quadro político, das negociações. O PT não é intransigente, nunca foi e vai ser agora? Não tenho a menor dúvida sobre isso', garantiu.

Lula demonstrou que apóia a permanência do atual presidente, Aldo Rebelo (PC do B-SP). O PT, porém, com 83 deputados, acredita ter espaço para ganhar a presidência e não quer abrir mão disso, mesmo batendo de frente com o Planalto.

'Achamos que é uma demanda que corresponde não só ao peso que o partido tem na Câmara mas à qualidade dos seus deputados', defendeu, lembrando que essa não é decisão que o PT tomará sozinho. 'A eleição deve corresponder também a essa política de coalizão mais ampla que estamos propondo e começando a implementar.'

Se as negociações não surtirem efeito, Lula poderá ver três de sua base aliada na disputa: além de Aldo, Arlindo Chinaglia (SP) - líder do governo na Casa - e um peemedebista, que pode ser Geddel Vieira Lima (BA) ou Eunício Oliveira (CE).

Esse tipo de disputa na base já levou a conseqüências desastrosas. Em 2005, quando o Planalto apoiou Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) para a presidência e a bancada petista preferiu Virgílio Guimarães (MG), quem acabou eleito foi Severino Cavalcanti (PP-PE).

Garcia e outros integrantes da comissão política do PT reuniram-se ontem com Tarso Genro, ministro das Relações Institucionais, para conversar sobre decisões tomadas na reunião do diretório. Uma das idéias discutidas foi recuperar o conselho político formado por presidentes dos partidos aliados e que funcionou no primeiro turno da campanha à reeleição. 'Vamos propor reuniões regulares ao PMDB, PC do B, PSB, PRB e PV', disse Garcia.