Título: Bucci defende blindar Radiobrás contra política
Autor: Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2006, Nacional, p. A8

O presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, defendeu ontem que os veículos de comunicação públicos sejam protegidos da ação partidária dos governos. Bucci, que pôs o cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que existe no País uma confusão entre o que é estatal e o que é público e também há a falsa idéia de que um sistema de comunicação estatal tem de ser governista.

Há setores do PT que pressionam para que a Radiobrás tenha linha editorial mais afinada com os interesses do governo Lula. Ontem, o presidente da Radiobrás negou sofre pressões do partido e disse ter entregue o cargo ao presidente num ato de formalidade. Sem querer dizer se gostaria de permanecer na função, Bucci afirmou que nunca foi favorável à recondução em cargos públicos.

'O sistema estatal não precisa ser governista - e não deve ser. Quando é governista, está incorrendo num desvio da sua finalidade', disse Bucci, na solenidade de lançamento do I Fórum Nacional de TVs Públicas, no Rio. 'Estamos em busca do exercício republicano e ninguém tem autorização para partidarizar o que é estatal', afirmou o presidente da Radiobrás.

Ao lado do ministro da Cultura, Gilberto Gil, Bucci defendeu que estatais de comunicação como a Radiobrás e instituições públicas como as TVs tenham diretrizes mais preocupadas com a área da cultura do que com a política partidária. 'Precisamos trabalhar com a idéia de uma comunicação que seja livre das contingências partidárias que naturalmente têm ensejo no núcleo de um governo', disse o presidente da Radiobrás. 'A comunicação pública deve se articular em torno da Cultura. Esse é o passo fundamental que vejo nesse momento.' Nesse instante, Bucci foi aplaudido pela platéia, repleta de agentes culturais.

Bucci concordou, balançando afirmativamente a cabeça, com a fala de Rodrigo Lucena, da Associação Brasileira de TVs Legislativas, que em sua fala defendeu que veículos públicos não podem aceitar se submeter apenas aos interesses da classe política.