Título: Deputado eleito aguarda liberdade e cogita deixar PT
Autor: Eduardo Kattah
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/11/2006, Nacional, p. A8

O deputado federal eleito Juvenil Alves (PT-MG), preso na Operação Castelhana da Polícia Federal, aguardava ontem ser posto em liberdade. A Justiça não aceitou o pedido de prorrogação de sua prisão temporária, que vencia ontem, e ele deveria ser solto à 0 hora de hoje, com outros 12 acusados.

Juvenil cogita pedir desligamento do partido, segundo informou o advogado Renato Moreira, que foi o coordenador da campanha de Juvenil. A Executiva Estadual do PT mineiro decidiu suspender 'prévia e temporariamente' a filiação do deputado federal eleito pela legenda e preso na semana passada.

O advogado tributarista, que foi o mais bem votado candidato do PT de Minas à Câmara na eleição (110.651 votos), foi apontado por PF e Ministério Público Federal como articulador de uma organização criminosa especializada em crimes financeiros que teriam causado prejuízo de pelo menos R$ 1 bilhão aos cofres públicos.

Moreira disse que o deputado eleito está 'ansioso' para se explicar ao PT. 'Mas, se não houver interesse do partido em que ele permaneça, não vai haver muita discussão quanto a isso. Ele também não vai ter interesse em permanecer ligado a um partido que não o deseja ter em seus quadros', afirmou. Seu afastamento teve o aval do próprio presidente nacional petista, Marco Aurélio Garcia.

INVESTIGAÇÃO

Juvenil está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual e pela Receita Estadual por suposta participação num esquema de sonegação fiscal, apropriação de recursos tributários e outros crimes, como lavagem de dinheiro, praticados por empresas do setor siderúrgico na região centro-oeste do Estado.

De acordo com o promotor Rogério Filippetto, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária, a suspeita é que o Centro Especializado em Mecanismos Extrajudiciais de Soluções de Conflitos S. A. (Cemesc) serviria para lavar dinheiro sonegado por siderúrgicas e enviar recursos ilegalmente para o exterior. O Cemesc foi constituído em 2004 e tem como sócios Juvenil Alves e seu filho, Thiago Alves Ferreira. Posteriormente, entraram na sociedade dois outros empresários, agora denunciados como cabeças do esquema.

O advogado Renato Moreira diz que as suspeitas do Ministério Público não têm fundamento. Segundo ele, o nome do Cemesc surgiu nas investigações dos promotores após o pedido à Justiça de seqüestro de bens em nome dos dois outros empresários, no início de outubro.