Título: Vedoin complica ainda mais Suassuna, diz presidente da CPI
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2006, Nacional, p. A5

Em depoimento ontem ao Conselho de Ética do Senado, os empresários José Darci Vedoin e Luiz Antônio Trevisan Vedoin, donos da Planam, principal empresa da máfia dos sanguessugas, reafirmaram as acusações de envolvimento dos senadores Ney Suassuna (PMDB-PB), Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT) com o esquema de compra superfaturada de ambulâncias com Orçamento da União por meio de emendas parlamentares.

Darci revelou pela primeira vez que encontrou Malta, à época deputado, no restaurante da Câmara, com o deputado Lino Rossi (PP-MT), apontado como um dos articuladores do esquema no Congresso.

Enquanto os integrantes do Conselho de Ética foram cautelosos sobre os depoimentos, o presidente da CPI dos Sanguessugas, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), garantiu que a situação de Suassuna ficou ainda mais complicada. "O depoimento foi muito firme no sentido do envolvimento do senador Ney Suassuna. Seria a pá de cal nos argumentos defensivos", disse Biscaia. "Da minha parte não persistem dúvidas em relação ao envolvimento dos três senadores."

Segundo Biscaia, os Vedoin foram incisivos ao garantir que o senador do PMDB sabia do esquema através do assessor Marcelo Carvalho. Foram encontrados R$ 222 mil nas contas de Carvalho, que seriam de propina. "Tenho de ouvir todas as testemunhas antes para julgá-lo", disse o senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do caso.

Péres marcou para a semana que vem o depoimento do senador e promete apresentar seu parecer na semana seguinte. Procurado, Suassuna não quis comentar os depoimentos. Malta negou, por meio de seu advogado, Silva Neto, que tenha encontrado Darci em 2002. "Nunca estive com esses marginais, esses trogloditas, esses assaltantes de cofres públicos. Nunca estive com o Darci. Ele é mentiroso", rebateu o senador.

O momento mais tenso do depoimento foi durante a acareação entre Darci e Luiz Antônio. Os integrantes do conselho tentaram esclarecer contradições sobre o pagamento, em cheque, de R$ 37,2 mil a Paulo Roberto Ribeiro, genro de Serys. Darci contou que o cheque foi pago por seu genro, Ivo Spínola. Luiz Antônio disse que o pagamento foi em dinheiro e no valor de R$ 35 mil. O Conselho de Ética também ouviu Ronildo Medeiros, empresário ligado ao esquema.

ATENDIMENTO MÉDICO

Durante o depoimento, Darci passou mal e foi levado ao ambulatório do Senado. Ao retornar à sala do conselho, ficou em silêncio durante todo o trajeto. De acordo com o médico Paulo Néri, que o atendeu, ele teve um pique de hipertensão e foi medicado.