Título: Bush compara líderes iranianos com Al-Qaeda
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Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2006, Internacional, p. A17

O presidente dos EUA, George W. Bush, comparou ontem os líderes iranianos com o perigo representado pelos terroristas da rede Al-Qaeda e relacionou aqueles que duvidam de sua estratégia contra o terror com as pessoas que "ignoraram a ascensão de Hitler e Lenin".

"Assim como a Al-Qaeda e os extremistas sunitas, o regime iraniano tem objetivos claros. Quer retirar os EUA da região (o Oriente Médio), destruir Israel e dominar um amplo espectro do Oriente Médio", afirmou Bush. "O regime iraniano e seus aliados terroristas demonstraram sua vontade de matar americanos. E agora o regime iraniano busca armas nucleares."

O discurso de Bush é o segundo de uma série de quatro sobre a guerra contra o terrorismo relacionados à campanha eleitoral dos EUA. Faltam menos de dois meses para a renovação de parte do Congresso e Bush tenta ligar a impopular guerra no Iraque - que rende votos à oposição democrata - à sua estratégia na guerra contra o terrorismo. A dura retórica de ontem coincidiu com a divulgação pela Casa Branca do plano Estratégia Nacional para Combater o Terrorismo. Esse documento atribui um lugar preferencial ao esforço de manter as armas de destruição em massa fora do alcance dos grupos terroristas - que os EUA acusam o Irã e a Síria de patrocinar.

A ocasião é simbólica porque faltam poucos dias para o quinto aniversário dos atentados de 11 de Setembro.

Por isso, Bush também deu ênfase à meta declarada da Al-Qaeda de estabelecer um califado no Iraque. "Não vou permitir que isso aconteça e nenhum futuro presidente americano pode permitir", disse ele, insistindo que não promoverá uma retirada de tropas do Iraque antes de "cumprir sua obrigação".

Ao mesmo tempo, assessores de Bush voltaram a defender ontem a imposição de sanções ao Irã, como meio de forçar o país a cumprir a resolução do Conselho de Segurança que exige a suspensão do enriquecimento de urânio. Essa nova pressão dos EUA ocorre num momento em que um enviado da União Européia se prepara para reunir-se com um negociador do Irã. Além disso, China e Rússia têm insistido que se opõem a sanções.