Título: Campeã nacional da devastação fica no Pará
Autor: Lígia Formenti
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2006, Vida&, p. A18

A atenção do Ministério do Meio Ambiente diminuiu em relação ao Mato Grosso e se volta, agora, para o Pará, o Estado que apresenta um ritmo crescente de desmatamento. É lá que está a cidade campeã nacional de devastação: São Félix do Xingu. Pelos dados do Deter, entre 2005/2006 a cidade perdeu 775,5 quilômetros quadrados de suas florestas. No período 2004/2005, foram 587 quilômetros quadrados. "Em alguns locais, como Mato Grosso, houve uma participação mais efetiva dos Estados. É necessário que isso ocorra em outras regiões", afirmou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

O secretário de Biodiversidade e Florestas, João Paulo Capobianco, explica que um programa de combate ao desmatamento foi apresentado somente nos últimos meses pelo governo do Pará. "O plano é bastante consistente, mas é preciso tempo para que seus efeitos sejam notados", completou.

Na região de São Félix do Xingu, o desmatamento é provocado principalmente pela pecuária. "Não é fácil combater tal atividade. O gado se esconde na floresta", disse o secretário. Ele afirmou que um estudo mais aprofundado será feito nos próximos meses para tentar definir uma estratégia para combater o desmatamento.

Os dados do Deter revelam uma aparente contradição: nas Unidades de Conservação Federal houve um aumento de 8,7% no ritmo do desmatamento no período 2005/2006, comparado com o período anterior. Capobianco não se espanta. "As unidades foram criadas recentemente, por isso os reflexos não foram sentidos."

As unidades de conservação estão entre as medidas citadas tanto por Capobianco quanto pela ministra como indispensáveis para a redução do ritmo de desmatamento no País. Entre 2003 e 2006, disseram, foram criadas áreas de conservação que, somadas, atingem 19,4 mil hectares, boa parte delas na Amazônia. A ministra também citou a regularização fundiária e as 13 operações feitas, em conjunto com a Polícia Federal, para desbaratar quadrilhas que vendem madeira ilegal.