Título: Impacto de reajustes será de R$ 6 bilhões
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2006, Nacional, p. A4

No exame das contas de gastos com pessoal do governo, o mais grave, segundo o economista José Roberto Afonso, é que os aumentos expressivos ainda não refletem os significativos reajustes salariais concedidos pelo presidente Lula nos últimos meses, cujo impacto sobre o ano de 2006 é estimado em mais de R$ 6 bilhões.

Esse crescimento, assegura a nota técnica do PSDB, foi puxado por um incremento de 24,3% nos gastos com pessoal civil. Segundo a nota, o que compensou esse salto foram a queda de 11,2% nas despesas com militares e o pequeno crescimento das despesas com inativos, de apenas 4,2% no período.

O exame das contas de pessoal mostra outro sinal do aparelhamento: em apenas um semestre de 2006, a despesa com o pagamento de comissões de chefia e assessoramento superou R$ 6 bilhões, o que equivale a mais da metade do que se gasta com pessoal que não tem cargos de confiança e supera em cerca de 50% tudo que se gasta com os militares em atividade.

A nota explica que o crescimento do estoque de servidores ativos ao longo do governo Lula mostra que foram admitidos bem mais servidores que as vagas por aposentadoria, revertendo a política praticada no governo Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo foram contratados, em média, 6,4 mil servidores por ano; no governo Lula, foram 11,4 mil por ano.

A nota também denuncia que a publicação mais importante do governo para conhecimento dos gastos com o funcionalismo público federal "teve sua divulgação interrompida ou paralisada". A publicação, fundamental para manter a transparência nas contas com pessoal, é o Boletim Estatístico de Pessoal, disponibilizado no site do Ministério do Planejamento desde o governo FHC.

Segundo a nota técnica, a última edição mensal disponível é de dezembro de 2005. Já a Secretaria do Tesouro Nacional, que habitualmente divulga na internet um relatório mensal com informações sobre despesas com pessoal, a mantém atualizada até julho, mas faltam edições anteriores.