Título: Balança comercial tem melhor agosto
Autor: Denise Chrispim Marin
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2006, Economia, p. B1

A balança comercial de agosto registrou saldo positivo recorde para o mês, de US$ 4,515 bilhões, o que elevou o superávit acumulado no ano para US$ 29,628 bilhões. Este é o segundo melhor saldo mensal do ano, inferior apenas ao de julho.

Os resultados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) reforçaram a decisão do governo de reavaliar, para cima, as metas para as exportações e para o saldo da balança comercial em 2006.

O fato de o saldo positivo nos 12 meses completados em agosto ter alcançado US$ 46 bilhões indicou que deverá ser superado o objetivo de um superávit de US$ 42 bilhões para este ano, que havia sido lançado há poucos dias pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Da mesma forma, o registro de exportações de US$ 130,387 bilhões no período de 12 meses vai mudar a meta definida para 2006, de US$ 132 bilhões.

Os números de agosto foram excepcionais por uma razão básica - o mês contou com 23 dias úteis. Segundo o secretário de Comércio Exterior, Armando Meziat, as exportações registradas no mês, de US$ 13,642 bilhões, e a média diária de embarques, de US$ 593,1 milhões, não deverão se repetir até o fim deste ano. Esses números foram recordes para o mês.

Para setembro, a Secex prevê um total de US$ 11 bilhões para as vendas externas, com média diária de US$ 550 milhões. As importações de agosto, de US$ 9,127 bilhões, com média diária de US$ 396,8 milhões, também bateram o recorde para meses de agosto.

Mas deverão, de setembro a dezembro, apresentar cifras ainda mais encorpadas, advertiu Meziat. "A meta de superávit de US$ 42 bilhões para este ano pode ser elevada. Tudo depende do comportamento das importações, que certamente continuarão a crescer", afirmou Meziat. "Não trabalho com a hipótese de, em 2006, o aumento das exportações ser maior que o das importações, embora em agosto tenha ocorrido o contrário."

De fato, as exportações de agosto tiveram crescimento de 20,2%, na comparação com igual mês de 2005, quando se considera a média diária de operações. Esse desempenho foi puxado por setores como minério de ferro (+22,5%), petróleo bruto (+14,0%), açúcar em bruto (+85,6%), celulose (+53,5), semimanufaturas de ferro/aço (+260%), telefones (+69,2%) e autopeças (25,8%) - a despeito da queda das vendas de soja em grão (-3,7%), carne de frango (-1,9%), automóveis (-4,4%) e aviões (-10,5%).

As importações em agosto apresentaram crescimento menos expressivo - de 18,6%, em termos de média diária. As compras externas foram especialmente impulsionadas pelos bens de capital (+13,5%) e matérias-primas e bens intermediários (+19,8%). Os desembarques de combustíveis e lubrificantes cresceram apenas 5,9%. Mas impressionou o aumento de 48,9% nas importações de bens de consumo, embora em valor tenham atingido apenas US$ 1,157 bilhão.

No ano, as exportações somaram US$ 88,164 bilhões, com crescimento de 15,9% em relação ao período de janeiro a agosto de 2005. Houve aumentos nas exportações das três categorias de produtos - básicos (+15,3%), semimanufaturados (+16,8%) e manufaturas (15,3%). As operações especiais, nas quais são incluídas as devoluções de aeronaves comerciais e outros, aumentaram 33,4%. Já as importações cresceram 18,6%.

Na composição do superávit comercial do ano, contribuíram os tradicionais parceiros do Brasil no comércio, os Estados Unidos e a União Européia. Mesmo com as taxas de crescimento das exportações para esses mercados, de 10,9% e de 7,1%, abaixo da média, de 22,5%, esses parceiros permitiram saldos positivos de US$ 6,703 bilhões e US$ 6,286 bilhões, respectivamente.

Os países vizinhos, que compõem a Aladi (Associação Latino-Americana de Integração, da qual o Mercosul faz parte), garantiram mais US$ 6,985 bilhões. As exportações para a China alcançaram US$ 5,577 bilhões de janeiro a agosto, o que significou um aumento de 35,8% em relação a igual período de 2005. O saldo do comércio do Brasil com os chineses continua igualmente positivo, em US$ 698 milhões, porém mais magro que o obtido nas trocas com europeus, americanos e latino-americanos.