Título: Lula insiste: PIB vai crescer 4%
Autor: Tânia Monteiro e Leonencio Nossa
Fonte: O Estado de São Paulo, 02/09/2006, Economia, p. B8

Reiterando o discurso que o governo vem adotando desde quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ontem que a economia brasileira vai crescer 4% neste ano, conforme as previsões iniciais do Planalto, apesar do fraco desempenho do segundo trimestre, quando o Produto Interno Bruto (PIB) aumentou apenas 0,5% em relação ao trimestre anterior. "Temos convicção de que chegaremos à meta de 4% a que nos propusemos. Nós vamos chegar à meta de fazer o Brasil crescer num ciclo duradouro de crescimento, que é o que o País precisa efetivamente", afirmou.

Lula aproveitou para reagir às críticas da oposição por causa dos números divulgados anteontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ele, ninguém pode se assustar com o resultado de um trimestre. "As pessoas, no Brasil, precisam parar de ficar torcendo para as coisas darem errado", disse o presidente, salientando que "está tranqüilo" com as perspectivas de crescimento.

As afirmações de Lula foram feitas em entrevista, ao lado de dirigentes da Fiat, após ser apresentado a dois carros que estão sendo lançados pela montadora. "Ontem, eu tive a oportunidade de ver as informações do IBGE e elas estão dentro daquilo que prevíamos", garantiu. "A economia e o crescimento são medidos por quatro trimestres e eu vi muita gente assustada por causa do segundo trimestre, sendo que faltam dois."

E continuou: "Estou muito tranqüilo com as perspectivas do crescimento da economia do Brasil, estou tranqüilo com as perspectivas do crescimento da produção industrial, estou tranqüilo com o crescimento da indústria automobilística."

OTIMISMO

Com o mesmo otimismo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que acredita que a economia brasileira vai crescer acima de 5% no segundo semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A expansão seria possível com um crescimento de 1,3% no terceiro e mais "1,3% ou 1,2%" no quarto trimestre, na comparação com o período anterior.

Esse seria, segundo Mantega, o desempenho necessário para que o PIB deste ano chegue a 4%. Ele reafirmou a previsão, apesar de no primeiro semestre o PIB ter aumentado apenas 2,2%. "Para o terceiro trimestre, já há aquecimento da economia."

O ministro argumentou que, como a taxa de juros está caindo, a tendência é de o crescimento ser maior. Também disse que há indicadores que mostram aquecimento da atividade econômica em julho, como os do consumo de energia elétrica, de vendas de automóveis e de papelão e papel ondulado.

Mantega voltou a culpar as paradas no trabalho durante os jogos da Copa do Mundo, a greve dos funcionários da Receita Federal e as suspensões, para manutenção, da produção em plataformas da Petrobrás como responsáveis pelo desempenho aquém do esperado no segundo trimestre.

Segundo o ministro, a economia brasileira está no período mais longo de crescimento sem interrupção dos últimos anos, registrando expansão em 12 trimestres consecutivos.