Título: ONU adverte Coréia contra teste
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Fonte: O Estado de São Paulo, 07/10/2006, Internacional, p. A38

O Conselho de Segurança da ONU aprovou ontem, por unanimidade, uma declaração pedindo que a Coréia do Norte não realize um teste nuclear. O texto, que não prevê sanções, expressa 'profunda preocupação', alertando que o teste 'prejudicaria a paz, estabilidade e segurança na região e além' e levaria o Conselho e adotar uma ação - não especificada - 'consistente com sua responsabilidade'.

A Coréia do Norte anunciou terça-feira a decisão de realizar o teste, mas não informou a data. Segundo um analista do governo chinês, citado pelo jornal The Times, o experimento pode ocorrer já neste domingo - aniversário da indicação do ditador Kim Jong-il para o posto de secretário-geral do Partido dos Trabalhadores Coreanos, em 1997. A bomba seria detonada numa mina de carvão abandonada, perto da fronteira com a China. De acordo com a fonte anônima, porém, o teste poderia ser cancelado se fossem suspensas as sanções econômicas ao país e os EUA abrissem discussões bilaterais para discutir o caso.

Os EUA voltaram a advertir Pyongyang quanto às conseqüências do teste. 'A Coréia do Norte deve entender quão fortemente os EUA e outros membros do Conselho entendem que ela não deve testar esse dispositivo nuclear', afirmou o embaixador americano na ONU, John Bolton. 'Se ela fizer o teste, haverá um mundo muito diferente no dia seguinte.'

O governo norte-coreano alega precisar do teste para reforçar seu sistema de defesa 'ante a ameaça de uma guerra nuclear dos EUA, de sanções e de pressões'. Para discutir formas de impedir a ação norte-coreana, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, vao amanhã a Pequim e, na segunda, segue para a Coréia do Sul. O governo japonês garantiu ontem que pressionará por sanções na ONU, caso o teste se realize.

O Conselho de Segurança também pediu que a Coréia do Norte volte à mesa de negociações multilaterais para discutir seu programa nuclear. O país saiu das negociações em 2005 e foi alvo de um embargo econômico americano. Em julho, a Coréia do Norte fez testes com mísseis, rompendo uma moratória auto-imposta em 1999. A comunidade internacional protestou e mais sanções foram aprovadas na ONU.