Título: Especialistas apontam como superar clientelismo
Autor: Lisandra Paraguassú
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/12/2006, Nacional, p. A4

Especialistas em políticas sociais apontam armadilhas no caminho do governo na tarefa de aprimorar seus programas. Para o economista Márcio Pochmann, o governo enfrenta dois desafios. O primeira é transformar o Bolsa-Família, para que passe a ser uma política de Estado. ¿Políticas de governo dependem sempre do governante de plantão¿, explica. ¿Não garantem direitos e, devido ao caráter clientelista, podem ser usadas eleitoralmente.¿

A segunda tarefa é construir um novo padrão de políticas públicas. ¿Não será possível viabilizar a saída do Bolsa-Família se ele continuar como programa do Ministério do Desenvolvimento Social¿, acredita. ¿O Ministério do Trabalho tem que entrar em cena para garantir a qualificação profissional das pessoas, assim como os Ministérios da Educação, da Ciência e Tecnologia, da Saúde e da Fazenda.¿

Na opinião do educador social Ivo Poletto, que trabalha para a instituição católica Cáritas do Brasil, o governo corre o risco de errar novamente se ficar tomando decisões sem ouvir os interessados nos programas sociais.

O primeiro erro teria sido entregar o controle do Bolsa-Família às prefeituras e não aos comitês gestores, com maioria da sociedade civil e membros eleitos pela comunidade, como tinha sido previsto. ¿Estimuladas, as comunidades podem analisar suas necessidades e apontar o melhor caminho para gerar renda, com os produtos e serviços de que precisam.¿