Título: Ofensiva de Israel mata mais sete em Gaza; Abbas pede ação da ONU
Autor: Daniela Kresch
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/11/2006, Nacional, p. A14

Sete palestinos, entre eles uma adolescente de 12 anos, morreram ontem na Faixa de Gaza, no quarto dia da mais ampla ofensiva militar israelense na região desde que grupos extremistas palestinos seqüestraram o soldado Guilad Shalit, em 25 de junho. As mortes ocorreram um dia depois do cerco à mesquita de Beit Hanun, quando tropas de Israel abriram fogo contra um um grupo de palestinas, matando duas e ferindo dez. As mulheres estariam servindo de escudos humanos para proteger militantes palestinos refugiados na mesquita.

No total, 42 palestinos morreram e mais de 200 ficaram feridos desde quarta-feira em Gaza, quando começou a operação ¿Nuvens de Outono¿, que os militares alegam ter como objetivo conter o lançamentos de foguetes caseiros do tipo Qassam contra cidades do sul de Israel. Um soldado israelense também morreu na ofensiva e o Exército de Israel pediu desculpas pela morte - por engano - da garota palestina.

O presidente palestino, Mahmud Abbas, líder do partido Fatah, pediu a intervenção imediata da ONU para conter o que chamou de ¿massacres e agressões¿ de Israel. Em comunicado, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu moderação máxima aos israelenses e o fim dos ataques palestinos com foguetes contra Israel.

O ministro palestino de Relações Exteriores, Mahmud Zahar, advertiu que a ofensiva israelense poderia levar à morte do soldado Shalit. ¿A agressão de Israel pode acabar com a vida do soldado porque os bombardeios visam ao local de sua detenção¿, declarou à agência egípcia Mena.

No incidente mais grave de ontem em Gaza, um helicóptero militar israelense lançou um míssil contra a minivan onde viajava Louay al-Borno, um líder do grupo radical Hamas, facção que lidera o governo da Autoridade Palestina. Ele morreu na hora, e seus dois guarda-costas, que também estavam no carro, ficaram gravemente feridos.

Testemunhas palestinas informaram às agências de notícias que um civil palestino morreu quando sua casa foi atingida por um tiro de canhão israelense e ele foi soterrado pelos escombros. O Exército não confirmou o incidente, mas admitiu que escavadoras demoliram casas adjacentes à mesquita em Beit Hanun, palco da manifestação de mulheres na sexta-feira. Os moradores confirmaram que foram avisados com antecedência para deixarem as casas.

No centro de Tel-Aviv, milhares de pacifistas se concentraram numa homenagem ao assassinado primeiro-ministro Yitzhak Rabin, morto por um radical judeu em 4 de novembro de 1995.