Título: PMDB quer presidir Câmara e Senado
Autor: Cida Fontes, Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 03/11/2006, Nacional, p. A5

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá um grande desafio pela frente, quando testará sua eficiência em administrar conflitos entre aliados: a eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, que já é alvo de disputa no PMDB. Ao mesmo tempo, Lula montará seu ministério e precisará contemplar os interesses dos peemedebistas.

Com a maior bancada na Câmara, o PMDB reivindica o direito de indicar o presidente da Casa. Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) já articulam nos bastidores apoios para o assumir o cargo. O problema é que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deseja ser reeleito, o que começou a provocar uma guerra entre parlamentares do partido.

A pretensão do PMDB de presidir as duas Casas não agrada ao governo, aos aliados nem à oposição. Lula ficaria refém do partido. Consciente desse obstáculo, Renan trabalha nos bastidores para Lula convidar Geddel para um ministério.

Caso o PMDB não fique com a presidência da Câmara, o PT pode herdar o cargo - o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), é o mais citado. Aliados alertam o Planalto, no entanto, de que a sucessão de Aldo Rebelo (PC do B-SP) não poderá ser comandada de fora da Casa e lembram que, para presidir a Câmara, o candidato tem de ter boas relações com os deputados.

Pelas regras da Câmara, o resultado das urnas define o tamanho de cada bancada para efeito de ocupação dos cargos de direção e as principais funções das comissões. No Senado, essa definição se dá com a diplomação dos senadores. O PFL elegeu bancada maior, mas Renan dá como certo o crescimento do seu partido.

Apesar disso, tucanos e pefelistas já iniciaram conversações, mas ainda avaliam a possibilidade. No caso de a oposição decidir entrar na disputa pelo cargo, os mais cotados, até agora, são os senadores Marco Maciel (PFL-PE), considerado político equilibrado tanto pelo governo quanto pela oposição, e o líder do PFL, Agripino Maia (RN). A opção Maciel tem sido interpretada como menos traumática para Lula, que teria canal aberto para bom diálogo com a oposição.