Título: Câmara derruba aumento de 16% para aposentados
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2006, Nacional, p. A6

Em meio à negociação com os aliados para compor o ministério de seu segundo mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva obteve vitória ontem na Câmara durante votação do índice de reajuste para as aposentadorias acima de um salário mínimo pagas pela Previdência. Por 184 votos a 158 - com 4 abstenções -, o governo conseguiu derrubar a proposta apresentada pelo PFL de um índice de correção de 16,67%, mantendo os 5,01% de reajuste para as aposentadorias como fixou a medida provisória editada por Lula. Se os 16,67% fossem concedidos, significariam um gasto extra de cerca de R$ 7 bilhões ao ano com 8 milhões de aposentados e pensionistas do INSS.

De olho em uma fatia maior no Executivo, os partidos da base foram mais fiéis ontem do que durante a primeira votação da proposta, em junho passado, quando os deputados da oposição incluíram a correção de 16,67% para os aposentados na MP que aumentou o salário mínimo. Na época, o placar registrou 274 votos favoráveis, 5 contrários e 15 abstenções, mostrando a diferença no comportamento dos parlamentares antes e depois das eleições de outubro. Com a derrota em junho, Lula foi obrigado a assumir o desgaste político de vetar o aumento.

Nas últimas duas semanas, enquanto se acentuavam as negociações para o ministério, com o presidente se encontrando com dirigentes partidários, a tendência das legendas aliadas na votação do reajuste das aposentadorias foi mudando. Desde o início do mês, os governistas vinham evitando a votação temendo derrota. Ontem, mesmo com um quórum baixo ( 346), o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), autorizou a votação.

Em junho, os partidos da base do governo - PT, PMDB, PP, PTB, PL, PSB, PC do B e PSC - deram 130 votos a favor do índice de 16,67% de reajuste. Ontem, foram apenas 53. Além dos votos, o governo pôde contar com a ajuda de deputados que votaram contra o Palácio do Planalto em junho e se ausentaram na sessão de ontem, como os peemedebistas Delfim Netto (SP) e Eliseu Padilha (RS).

O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo, tinha votado a favor dos 16,67% de reajuste, mas ontem mudou de posição. Outros deputados que fizeram obstrução na votação de junho agora ficaram com o governo, como o deputado Renato Casagrande (PSB-ES). A deputada Ann Pontes (PMDB-PA), que votou a favor do maior índice em junho, ontem mudou de posição.