Título: Político era o herdeiro da influente dinastia Gemayel
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Fonte: O Estado de São Paulo, 22/11/2006, Internacional, p. A12

A política estava no sangue. Pierre Gemayel, ministro libanês da Indústria morto ontem em Beirute, pertencia à terceira geração da mais importante dinastia política cristã do Líbano, que influenciou a história recente do país, até mesmo durante os 15 anos de guerra civil.

A história do clã começa em 1936, quando seu avô, também chamado Pierre Gemayel e conhecido como xeque Pierre, fundou o Partido Falangista, formado por cristãos maronitas. A Falange dominou a política cristã no Líbano por décadas, desde a independência da França, em 1943. Durante a guerra civil libanesa (1975-1990), aliou-se a Israel e comandou a maior milícia cristã na luta contra forças muçulmanas e contra guerrilhas palestinas.

O apogeu do partido veio com a segunda geração dos Gemayel. Em 1982, foi eleito presidente Bashir Gemayel, tio de Pierre, que encabeçou inúmeras campanhas militares contra as tropas sírias que entraram no Líbano após o início da guerra civil. Mas Bashir não chegou a ocupar o cargo - foi morto num atentado a bomba contra a sede do partido, nove dias antes de tomar posse.

Em seu lugar, foi escolhido Amin Gemayel, pai de Pierre, conhecido por ser mais moderado que o irmão. Amin tomou posse num país destruído pela guerra civil e com o governo caindo sob influência síria. Permaneceu no cargo até 1988, quando partiu com a família para um exílio voluntário. Pouco antes de expirar seu mandato, designou para primeiro-ministro o comandante das forças cristãs, general Michel Aoun.

De volta ao país, em 2000, foi a vez do triunfo do mais jovem membro da dinastia Gemayel: Pierre, o neto, foi eleito para o Parlamento libanês, com uma plataforma anti-Síria. Com a vitória das facções anti-Síria nas eleições de 2005, ele assumiu como ministro da Indústria. Estrela em ascensão, Pierre era formado em Direito e pai de dois filhos.

VISITAS AO BRASIL

Amin Gemayel, ex-presidente libanês e pai de Pierre, esteve duas vezes no Brasil, onde vive a maior comunidade libanesa fora do Líbano - são 6 milhões de pessoas, entre libaneses e descendentes. Na primeira vez, em meados dos anos 80, veio pedir dinheiro ao governo brasileiro para a reconstrução de Beirute.

A segunda vinda de Amin Gemayel ao País, em 1997, foi para denunciar às autoridades brasileiras a ocupação síria e formar um bloco de oposição contra o país inimigo, segundo Lody Brais, coordenadora de eventos da comunidade libanesa de São Paulo, que articulou a visita. Ela disse que Amin e Pierre Gemayel planejavam retornar ao Brasil em 2007, entre abril e maio, para denunciar a atual situação do país.