Título: Derrota deixou oposição de 'cabeça quente', diz Tarso
Autor: Assunção, Moacir.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2006, Nacional, p. A6

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou ontem em São Paulo, onde participou de um almoço com empresários da Ação Brasileira de Apoio ao Setor de Serviços (Abrasse), que os líderes da oposição estão 'de cabeça quente, pois não esperavam uma derrota tão acachapante nas eleições', vencidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A provocação foi uma resposta às perguntas dos jornalistas que o questionaram sobre as recentes críticas da oposição às propostas de aproximação do Planalto.

Passado este período pós-eleitoral, na visão do ministro, os ânimos se acalmarão, os ressentimentos diminuirão e será possível discutir o que chamou de 'mãe de todas as reformas': a política. 'A reforma política é importantíssima e só não ocorrerá se a oposição não quiser', afirmou.

Tarso defendeu os três principais pontos da proposta do governo para a reforma - uma missão universal, que não depende dos partidos, em sua visão -, que são o financiamento público de campanha, a fidelidade partidária e a votação em listas. Reconheceu, no entanto, a dificuldade de construir consensos na área e lembrou que a conciliação não significa a anulação da oposição.

'Não estamos propondo à oposição ou a nossos aliados um governo de união nacional, até porque isso se dá quando há guerras ou catástrofes. O que queremos é um governo de coalizão, em que todos assumem compromissos com os resultados e a garantia da governabilidade', afirmou. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, um dos principais críticos do governo, será procurado por Lula, de acordo com Tarso, para ajudar no esforço em prol da reforma política e da conciliação, além da luta pelo crescimento econômico de 5% no próximo ano, prometido pelo presidente.

FHC já avisou, porém, que só aceita reunir-se com Lula depois que uma agenda a ser discutida for divulgada.

Segundo Tarso, nenhum partido, nem mesmo o PT ou o PMDB, podem se arrogar o direito de mandar no governo. 'O governo não pertence a nenhum partido em particular. Quem achar que vai mandar descobrirá que está profundamente equivocado.'

'AMIGOS'

O ministro das Relações Institucionais defendeu o comentário de Lula feito anteontem, lamentando a escolha de amigos - em vez de técnicos - para ocupar cargos no governo durante o primeiro mandato. 'O conceito do presidente está correto. Ele demonstra que é um verdadeiro líder republicano e que entende sua função na sociedade, além de ter credibilidade.' Tarso, ele mesmo um amigo próximo do presidente, afirmou que não sabe se continuará no governo neste segundo mandato. 'Isso depende do presidente', despistou.

No almoço, o ministro petista garantiu ainda apoio à pretensão dos empresários do setor de serviços de obter cadeira no Conselho Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (CNDES).