Título: Cooperação Sul-Sul é prioridade do governo
Autor: Marin, Denise Chrispim.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2006, Nacional, p. A16

A apenas seis dias da realização da reunião de líderes da América do Sul e da África em Abuja, na Nigéria, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, planeja outro evento expressivo da Cooperação Sul-Sul para o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - a realização de um encontro de presidentes da América do Sul e da Ásia.

De acordo com o chanceler, a integração sul-americana será uma prioridade ainda maior no segundo mandato, assim como a aproximação com as demais economias em desenvolvimento.

Ontem, a 3ª Reunião de Chanceleres da Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa) definiu pontos relevantes para a consolidação desse projeto, que tornou-se o xodó da política externa de Lula. Entre eles, a criação de uma comissão supranacional que conduzirá o processo de integração nas áreas de infra-estrutura e comércio, e de uma secretaria-executiva. Em 2007, a sede desses trabalhos será o Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Embasado em uma avaliação repetida várias vezes pelo presidente Lula, Amorim defendeu que essas 'iniciativas próprias' de aproximação entre os países em desenvolvimento para tratar de seus interesses diretos e criar seus próprios blocos, 'sem a intermediação das grandes potências', gerarão 'uma nova geografia política e econômica mundial'.

Essa posição foi expressa no texto de um discurso que faria ontem, na abertura do encontro de chanceleres, mas que acabou substituído por um improviso. Embora tenha reiterado, mais tarde, que o texto trazia exatamente o que ele pensa sobre a integração sul-americana, Amorim teve o cuidado de subtrair sua proposta de realização do encontro de cúpula América do Sul-Ásia do improviso que fez diante dos colegas. 'Seria melhor que essa idéia fosse capitaneada pelos países da costa do Pacífico', explicou-se.

Em um recado tranqüilizador aos países que vêem a construção da Casa com certa precaução, como o Chile, insistiu que não há contradição entre o compromisso de um país com a comunidade e os acordos que mantém com economias que não estão na região. Também argumentou que a integração sul-americana não oferecerá resistência à aproximação do México e de outras economias centro-americanas e do Caribe.

Os presidentes sul-americanos se encontrarão na Cúpula da Casa, dias 8 e 9 de dezembro em Cochabamba, Bolívia, para ratificar ou alterar o documento concluído ontem pelos seus chanceleres.

A repórter viajou a convite do Ministério das Relações Exteriores