Título: Micro e pequenas já chegam a 98%
Autor: Faleiros, Marina. e Dantas, Vera.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2006, Economia, p. B8

As micro e pequenas empresas (MPEs) representam 98% do total de estabelecimentos existentes no setor privado brasileiro. E continuam em expansão, segundo a primeira pesquisa realizada pelo Observatório das MPEs do Sebrae-SP, divulgada ontem. 'O número deste tipo de negócio aumentou 22,1% entre 2000 e 2004, alcançando 5,02 milhões de empreendimentos', disse Marco Aurélio Bedê, coordenador do Observatório.

As regiões que apresentaram o maior crescimento no número de empresas foram a Norte (29,1%), Centro-Oeste (27,2%) e Nordeste (24,9%). 'A grande parte das pequenas empresas ainda está no Sudeste, mas já existem sinais de desconcentração regional, e estas regiões estão crescendo acima da média brasileira', diz Bedê.

O estudo destaca a expansão do número de empresas do setor de serviços, como as agências de viagem, de locação de veículos e de consertos de computador. Neste segmento, a alta foi de 28,4% no período analisado.

Já o comércio continua a ser a principal atividade das MPEs no País. Cerca de 56% destes estabelecimentos lidam com o público em forma de mercearias, lojas de roupas e de materiais de construção. 'Em 2004, o Brasil tinha quase 300 mil minimercados, mas a participação deles vem caindo e outros negócios, como os que vendem material para escritório, estão ganhando espaço', disse Bedê.

A microempresária Ligia Vasconcelos, que há dois anos abriu uma loja de artigos para presentes, objetos de decoração e roupas em Nova Iguaçu (RJ), é uma dessas novas empreendedoras. Para Ligia, a concorrência dos informais, como as sacoleiras, tem sido o maior desafio. 'Elas não pagam impostos e vendem produtos muito parecidos e com preços bem menores.' Ligia tem quatro funcionários e compra seus produtos na região do Bom Retiro e 25 de Março, em São Paulo.

DEBATE

Com a pesquisa, foi lançado também o livro Onde estão as micro e pequenas empresas no Brasil, seguido por um debate sobre as questões que mais afetam este setor. 'Um dos maiores desafios para a sobrevivência destes negócios é a legislação complexa e impostos altos, o que faz muitos pequenos perceberem que é impossível formalizar seu negócio', disse Miguel Juan Bacic, professor da Unicamp na área de empreendedorismo.

O moderador do debate foi o diretor de Conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, que também falou sobre impostos. 'Quanto mais complicada esta questão, menos fluido se torna o mercado para os pequenos, que precisam de um ambiente mais favorável para crescer.'

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, não se pode negar a importância dos pequenos na economia brasileira. 'O que vai contribuir para o crescimento dessas empresas é o fortalecimento do setor produtivo em geral. Não podemos ficar 20 anos só pensando em estabilidade econômica, mas