Título: Vale fecha contrato de US$ 7 bi com a Thyssen
Autor: Ciarelli, Mônica.
Fonte: O Estado de São Paulo, 25/11/2006, Economia, p. B14

A Companhia Vale do Rio Doce assinou ontem com o grupo alemão ThyssenKrupp o maior contrato de fornecimento de minério de ferro de sua história, para entrega de 8 milhões de toneladas do produto durante 15 anos. O destino do minério será a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), empreendimento conjunto da Vale e da Thyssen, que será construído no Rio de Janeiro.

Segundo o presidente da Vale, Roger Agnelli, o contrato com a Thyssen vai proporcionar uma receita adicional de US$ 500 milhões por ano à mineradora. Ao todo, o faturamento com o acordo será de mais de US$ 7 bilhões. A Thyssen já comprava da Vale 15 milhões de toneladas por ano. Com a entrada em operação da siderúrgica CSA, passará a adquirir 23 milhões de toneladas por ano.

Agnelli disse que o contrato permite um planejamento de longo prazo para os investimentos da empresa e ainda é reflexo da estratégia da companhia, de tentar atrair ao Brasil projetos siderúrgicos que aumentem a demanda por minério de ferro.

PETROBRÁS

Atualmente, a Vale enfrenta problemas em outro projeto de siderurgia, no Ceará, que toca em parceira com a italiana Danieli Steel e o grupo coreano Dongkuk. A planta da Usina Siderúrgica do Ceará ainda não foi concretizada por causa de dificuldades nas negociações com a Petrobrás no contrato de fornecimento de gás, mas Agnelli evita polêmica com a estatal 'Não vou entrar no mérito de quem está certo ou não, pois estou no conselho da Petrobrás e sou presidente da Vale.'

O executivo, porém, deu a entender que a Petrobrás não está tendo uma atitude correta no caso. 'Se não tinha o gás, por que fechou o contrato?', alfinetou. Na semana passada, o diretor de Gás e Energia da Petrobras, Ildo Sauer, deixou claro que o preço é questão-chave nas negociações. Sauer argumentou que, se o contrato fosse executado como foi previsto em 1996, daria prejuízo à estatal.

INCO

O executivo informou, ainda, que até o fim de janeiro a mineradora brasileira já terá refinanciado todo o empréstimo-ponte, de US$ 17,6 bilhões, contraído para a compra da canadense Inco, segunda maior produtora mundial de níquel.

A Vale fez uma emissão externa de US$ 3,75 bilhões e já pediu à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para captar R$ 5 bilhões em debêntures. Segundo Agnelli, a demanda pelos títulos da companhia no mercado brasileiro está forte, o que pode elevar o montante da captação. Além dessas duas operações, a empresa trabalha na captação de cerca de US$ 6 bilhões a US$ 7 bilhões em operações estruturadas.