Título: Provas contra senadores são escutas e papéis
Autor: Lopes, Eugênia. e Costa, Rosa.
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2006, Nacional, p. A4

Há mais do que apenas a palavra dos donos da Planam, Luiz Antonio e Darci Vedoin, contra os três senadores acusados de envolvimento na máfia dos sanguessugas. O caso mais documentado é o do senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Além do depoimento de Luiz Antonio, que afirma ter fechado com Marcelo Carvalho, assessor do senador, acordo envolvendo 10% de comissões em troca de emendas para compra de ambulâncias, existem escutas telefônicas e documentação da Polícia Federal comprovando a parceria entre o esquema e o assessor de Suassuna preso na Operação Sanguessuga.

Luiz Antonio afirma ter repassado a Marcelo R$ 222 mil. Nas escutas Suassuna é citado em pelo menos nove conversas. Segundo ele, o Instituto de Planejamento, Pesquisa e Promoção de Educação e Cultura (Ippes), no Rio - que nada tem que ver com a base eleitoral de Suassuna - foi indicado pelo esquema para receber dinheiro levantado pelo senador no Ministério da Saúde no fim de 2005. Suassuna nega e afirma desconhecer os negócios do assessor com a Planam. Não há registro de conversa entre o senador e membros do esquema. Mas Darci diz que Marcelo "falava em nome do senador e detalhes do acordo eram cumpridos".

Luiz Antonio afirma que o genro da senadora Serys Slhessarenko (PT) recebeu R$ 35 mil, como "antecipação" de emenda de R$ 1 milhão. O dinheiro, diz ele, foi entregue diante de duas testemunhas e Serys teria apresentado emenda de R$ 700 mil. O empresário apresenta lista de cidades de Mato Grosso beneficiadas. Serys nega a acusação.

Magno Malta (PL-ES) admitiu que usou por um ano o Fiat Ducato 1.5 comprado em nome do deputado Lino Rossi (PP-MT). Segundo os Vedoin, o furgão foi entregue a Malta como comissão em troca de emenda de R$ 1 milhão, que ele não apresentou. Luiz Antonio apresenta documento de transferência em nome do deputado e cópia do cheque usado para pagá-lo.