Título: Procurador pede ao STF que investigue mais 27
Autor: Macedo, Fausto e Filgueiras, Sônia
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2006, Nacional, p. A6

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, requereu ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito criminal contra 27 novos parlamentares sob suspeita de integrar a máfia dos sanguessugas. O chefe do Ministério Público Federal (MPF) vê indícios consistentes contra eles.

Um dos 27 nomes é o do senador Magno Malta (PL-ES). Conforme depoimento de Luiz Antonio Vedoin, um dos donos da Planam - principal empresa do esquema dos sanguessugas -, Malta ganhou um furgão Fiat Ducato da máfia como comissão antecipada em troca da apresentação futura de emenda em benefício dos Vedoin. O carro, com o qual o senador teria ficado dois anos, foi entregue a Malta, segundo Vedoin, pelo deputado Lino Rossi (PP-MT), também sob investigação do Ministério Público.

Vedoin afirma que o acordo era que Malta apresentasse emenda de R$ 1 milhão em favor do esquema, mas o senador não teria cumprido o trato e, por isso, o veículo teria sido retomado. O dono da Planam apresentou à Justiça cópia do cheque de R$ 50 mil usado para comprar o veículo e o documento de transferência, em nome de Rossi. Malta chegou a admitir que usou o Ducato, mas emprestado de Lino. O senador nega envolvimento com o esquema.

Segundo um integrante da CPI dos Sanguessugas, a lista do Ministério Público foi elaborada com base em fatos e documentos novos apresentados pelos Vedoin à Justiça de Mato Grosso e, por isso, é muito semelhante à dos acusados pela comissão.

O órgão, entretanto, não divulgou os nomes de todos os novos investigados. Na lista estão parlamentares que foram inocentados pela CPI. Para o MPF, a absolvição política de deputados não os isenta de apuração de caráter penal.

Souza seguiu o mesmo procedimento que adotou com relação a outros sanguessugas, já sob investigação policial. Agora são 84 os parlamentares suspeitos sob investigação do Ministério Público Federal.

O procurador-geral já havia feito dois pedidos envolvendo 57 congressistas. No primeiro, em 31 de maio, a lista incluiu 15 nomes. No segundo, apresentado em 30 de junho, outros 42.

A base para o requerimento encaminhado ontem ao STF são documentos, livros contábeis, papéis bancários e os depoimentos dos empresários Luiz Antonio e Darci Vedoin. As informações foram levadas ao procurador-geral no final da tarde de quarta-feira pelo deputado Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), relator da CPI.

O pedido consiste na abertura de um investigação formal para cada parlamentar. A estratégia é agilizar a tramitação dos processos até eventual oferecimento de denúncia criminal contra os acusados.

O MPF considera que a inclusão de muitos investigados dentro de um único inquérito geralmente prejudica os trabalhos.