Título: Alckmin: Congresso só defende grupos
Autor: Scinocca, Ana Paula
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/08/2006, Nacional, p. A8

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, fez críticas ontem à forma como o Congresso vem atuando. Em campanha em Curitiba (PR), onde discursou para mais de mil pessoas, entre militantes e prefeitos de diferentes partidos, o tucano afirmou que o Parlamento se pauta pelo corporativismo, não pelos interesses da população. "O Parlamento está virando um conjunto de interesses corporativos e, muitas vezes, contrários aos interesses coletivos. Temos que reverter esse processo. O Parlamento deve ser a Casa do povo, não das corporações", afirmou.

Mais tarde, em entrevista, ele voltou a insistir na necessidade de pôr fim à prática no Congresso. Embora tenha ressaltado que em alguns casos o corporativismo é legítimo, frisou que a manutenção do atual modelo vai contra o interesse do povo, "que não tem lobby". O tucano defendeu a reforma política e a aprovação do voto distrital misto para que o Legislativo represente os interesses da sociedade.

Alckmin aproveitou a boa receptividade que teve ontem na capital paranaense - as duas agendas públicas foram marcadas pela presença de militantes que portavam bandeiras e adesivos, além de carros de som e queima de fogos - também para tentar descolar sua imagem da onda de violência que atinge São Paulo, Estado governado por ele até abril.

RESPONSABILIDADE Voltou a dizer que a questão da segurança pública é um problema comum a várias cidades do País e, portanto, é responsabilidade do presidente da República. "Não adianta dizer que o problema não existe e esconder debaixo do tapete."

Ao defender a revisão do Código de Processo Penal e da Lei de Execuções Penais, afirmou ter um lado só, "contra o crime", e completou: "Não tenho medo de cara feia nem de enfrentar organização criminosa."

Depois do evento com prefeitos - cerca de 40 participaram de um almoço no Paraná Clube, na primeira agenda do dia - , Alckmin andou pela Boca Maldita, área comercial de Curitiba. Durante os 30 minutos de caminhada, o candidato e se mostrou surpreso com a receptividade no Paraná. "É um dia muito feliz. Acho que é o Estado onde mais fui bem recebido", comemorou.

O terceiro e último compromisso do dia foi uma visita ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Hermas Brandão (PSDB).