Título: Oposição vai ao TSE contra 'operação abafa'
Autor: Gallucci, Mariângela
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2006, Nacional, p. A8

Os partidos que apóiam a candidatura do tucano Geraldo Alckmin pediram ontem ao corregedor-geral eleitoral, Cesar Rocha, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a apuração das suspeitas de que teria sido montada uma operação para protelar as investigações da Polícia Federal sobre o dossiê Vedoin.

Rocha recebeu dos presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), e PPS, deputado Roberto Freire (PE), documento que pede o início da fase de instrução da investigação que ele abriu sobre o episódio. 'Nós queremos a verdade, queremos saber de onde veio o dinheiro', disse Bornhausen, falando do R$ 1,75 milhão apreendido com Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que compraria o dossiê. Para ele, houve um 'crime eleitoral organizado'.

A petição cita reportagem publicada pela revista Veja sobre a suposta operação abafa. 'Os fatos noticiados são de extrema gravidade, pois revelam que o ministro da Justiça (Márcio Thomaz Bastos) estaria agindo com o propósito de impedir a apuração dos fatos.' Segundo a Veja, Bastos teria orientado Freud Godoy, ex-segurança do presidente Lula e citado como mandante da compra do dossiê, a convencer Gedimar a mudar o depoimento. 'Houve a colaboração do diretor-executivo da PF em São Paulo, que franqueou seu gabinete para um encontro entre Godoy e Gedimar', argumenta o texto. 'Acima de tudo, há uma inexplicável demora no desvendamento pela PF.'

Os três partidos também pediram ao TSE investigação contra Lula pela suposta promessa de liberar R$ 1 bilhão para Mato Grosso em troca do apoio do governador reeleito Blairo Maggi (PPS). 'O presidente recebeu o governador, que após a reunião disse ter recebido várias vantagens. Maggi anunciou apoio a Lula. Isso mostra que houve cooptação, o que é crime eleitoral', afirmou Bornhausen.

'Eu lá sou nego de ser comprado? Eu não valho R$ 1 bilhão', reagiu Maggi em Cuiabá. Ele ressalvou que, por enquanto, não pretende sair do PPS.

Mas em Brasília Freire disse que recebeu e-mail dele, pedindo a desfiliação ou uma licença. 'Considerei a desfiliação. Maggi não faz mais parte do PPS.' Informado de que ele declarou que não pretendia deixar o partido, Freire disse que, nesse caso, iria recomendar 'a abertura de um processo de expulsão'.