Título: Lula mente e tem equipe de boateiros, diz Alckmin
Autor: Werneck, Felipe e Rodrigues, Alexandre
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2006, Nacional, p. A8

Ao comentar acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que pretende privatizar empresas estatais, o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que a 'única coisa que realmente vai acabar' no País, caso ele seja eleito, é a 'mentirobrás'.

'Eu não pretendo privatizar os Correios nem a Petrobrás nem o Banco do Brasil nem a Caixa', garantiu, após caminhada de uma hora em Bangu, na zona oeste do Rio. 'Na realidade, o que vemos são ministros se transformando em boateiros e o presidente da República falando mentira.' Alckmin afirmou que 'mentir é típico' do PT e de seu adversário na disputa pela Presidência. 'A verdade eles não falam, de onde veio o dinheiro', declarou, cobrando mais uma vez resposta sobre a origem do R$ 1,75 milhão que compraria o dossiê Vedoin.

Segundo o candidato do PSDB, a campanha 'está começando agora'. 'Acho que, se a gente chegar 4 ou 5 pontos atrás (de Lula) na pesquisa, eu sou o presidente do Brasil. Pode escrever.' Em Bangu, prometeu recuperar hospitais federais, construir escolas técnicas e investir em segurança pública.

A respeito da decisão do PDT de não apoiar nenhum candidato, o tucano disse acreditar que a maioria dos líderes da sigla vai apoiá-lo. 'O Paulinho (Paulo Pereira da Silva, deputado eleito por São Paulo) da Força Sindical me ligou e o senador Jefferson Péres (PDT-AM) já entrou na campanha', declarou.

O candidato estava acompanhado do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), que atacou o governo Lula. 'A cidade sofre com um presidente que não olha para cá. Esperamos há quatro anos uma assinatura para a terceira etapa do programa Favela Bairro e ele (o presidente) faz política e não assina.'

'BOLSA-JUROS'

Na noite de ontem, em evento em São Paulo, Alckmin disse que o grande feito de Lula foi o que chamou de 'Bolsa-Juros', ironizando discurso de que o petista representa os pobres. 'Lula mudou muito. O compromisso dele não foi com a agenda do crescimento, não foi com os trabalhadores. Foi com o capital, não com o trabalho. Quem ganhou dinheiro foi banqueiro. Foi o Bolsa-Juros (o que Lula fez). Essa foi a realidade.'

O tucano buscou desconstruir a idéia de que o petista governa para as classes mais baixas: 'Essa história de que é candidato dos pobres é gogó. Até porque eu sou mais pobre que ele.' O ato de ontem reuniu 250 prefeitos e representantes de dez partidos, além do governador eleito José Serra (PSDB).

Alckmin procurou não demonstrar abatimento com relação à pesquisa Datafolha, que apontou crescimento de Lula. Na saída do evento, afirmou que pesquisa 'não se comenta'. 'Estamos caminhando, trabalhando, lutando (...) Há um entusiasmo maior ainda nas ruas e nós vamos chegar lá, assim como chegamos também no primeiro turno.' Serra estimulou a militância. 'Temos que sair com um só coração e uma só vontade de eleger Alckmin presidente.'