Título: EUA: novo teste coreano seria 'ato de beligerância'
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Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2006, Internacional, p. A18

Os EUA advertiram ontem a Coréia do Norte contra a realização de um novo teste nuclear, em meio a indicações de que Pyongyang poderia estar se preparando para explodir outra bomba atômica. Segundo um funcionário americano com acesso a informações de inteligência, a Coréia do Norte está realizando há alguns dias atividades muito similares às conduzidas antes do teste do dia 9. Ele disse que prédios e outras estruturas estão sendo construídos em pelo menos dois outros locais, possivelmente em um esforço para esconder suas atividades dos satélites espiões.

Coréia do Sul e Japão também disseram ter informações de inteligência de que um segundo teste nuclear poderia estar sendo preparado, e a França declarou que pedirá uma resposta mais dura do que as sanções impostas no sábado pelo Conselho de Segurança da ONU se Pyongyang fizer outra detonação.

No entanto, funcionários da Casa Branca e do Pentágono minimizaram as especulações, dizendo que o movimento de pessoal e equipamento não é um sinal claro de que Pyongyang esteja preparando outro teste.

Apesar de a Resolução 1.718 não citar a possibilidade do uso da força contra a Coréia do Norte, o embaixador americano na ONU, John Bolton, advertiu no sábado que os EUA voltarão ao Conselho de Segurança exigindo sanções mais duras se Pyongyang não se desarmar. Ontem, o enviado americano para questões nucleares, Christopher Hill, disse em Seul que outro teste seria um ato 'muito beligerante' e a comunidade internacional não terá opção a não ser 'responder claramente' à Coréia do Norte.

A secretária americana de Estado, Condoleezza Rice, por sua vez, disse que a Coréia do Norte ampliará seu isolamento se fizer um segundo teste, e reiterou que os EUA não planejam invadir o país. Ela também admitiu a preocupação dos EUA de que Japão e Coréia do Sul possam querer desenvolver armas nucleares para conter a ameaça norte-coreana, desatando uma corrida armamentista. Condoleezza embarcou ontem para uma viagem ao Japão, China e Coréia do Sul. Ela pedirá a Seul que amplie seu envolvimento no programa internacional, liderado pelos EUA, para impedir a disseminação de armas de destruição em massa e aplique as sanções determinadas pela ONU.

A Coréia do Norte, por sua vez, advertiu que as sanções internacionais são uma declaração de guerra e ameaçou golpear 'sem piedade' qualquer país que se amparar na resolução da ONU para violar sua soberania. Pyongyang 'quer a paz, mas não teme a guerra', assinalou a chancelaria. O governode Kim Jong-il rejeitou totalmente a resolução, 'um produto da política hostil dos EUA', e acrescentou que 'se manteve firme em todas as tormentas e pressões do passado, quando ainda não tinha armas nucleares, por isso é absurdo pensar que cederá às pressões e ameaças agora'. Hill reagiu dizendo que tais comentários 'não são muito benéficos' e afirmou que a Coréia do Norte está enganada se pensa que pode obter mais respeito com suas explosões atômicas.