Título: Apesar do câmbio, exportação vai bater recorde
Autor: Silva, Cleide
Fonte: O Estado de São Paulo, 18/10/2006, Economia, p. B1

A indústria automobilística passou o ano reclamando da política cambial, mas ainda assim encerrará 2006 com recorde de exportações (US$ 11,5 bilhões) e de produção (2,64 milhões de veículos). Só as vendas internas não serão as melhores da história e vão empatar com o resultado de 1997, com 1,9 milhão de unidades. A superação é esperada para 2007, quando a projeção é de vendas de 2 milhões de carros, ancoradas no financiamento de longo prazo.

'Cada carro exportado hoje vai com um cheque no porta-luvas', diz o presidente da Volkswagen, Hans-Christian Maergner. 'Não vamos mais exportar com prejuízo', acrescenta Ray Young, presidente da GM. Ambos dizem que, no próximo ano, a participação das exportações nos negócios vai cair.

Apesar da expectativa positiva para as vendas internas, ambos esperam mais atenção do novo presidente, seja ele Lula ou Geraldo Alckmin. Maergner espera que o novo governo adote uma política industrial para o setor que inclua a redução de impostos. 'Em nenhum lugar no mundo o consumidor paga tanto imposto para comprar um carro', reclamou. 'Passamos quatro anos discutindo isso e vamos insistir.'

Young cobra do futuro governo medidas eficazes que permitam à economia crescer ao menos 5% ao ano. Para ele, esse é o patamar para convencer a matriz dos Estados Unidos a ampliar investimentos no Brasil. 'Disputamos com China, México e leste europeu, regiões que crescem mais que o Brasil.'

Ele conta com esse crescimento para bater à porta da matriz em 2007 e pedir aprovação de investimento extra de R$ 1 bilhão para o Mercosul, dinheiro necessário para o desenvolvimento de dois novos projetos. 'Lula e Alckmin sabem o que é preciso fazer, mas é preciso ter vontade para tomar ações necessárias para o crescimento do PIB.' Lula informou que não poderá comparecer hoje à cerimônia de inauguração do Salão do Automóvel.