Título: Tucanos buscam unidade em SP
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2006, Nacional, p. A12

Depois de três horas de discussão ontem, a bancada paulista do PSDB que atuará a partir de 2007 na Câmara decidiu aceitar uma proposta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e vai promover uma série de seminários para ajudar o partido a definir seu rumo como oposição, em especial seu posicionamento sobre temas como a reforma tributária e a política, que estarão em pauta no próximo ano. Catorze dos 18 deputados federais eleitos por São Paulo compareceram.

O tom do encontro foi o de que será preciso grande empenho dos parlamentares para reorganizar a unidade perdida no início da campanha eleitoral. A divisão criada pela disputa entre o ex-governador Geraldo Alckmin e o governador eleito José Serra pela decisão sobre a candidatura à Presidência deixou feridas e é a principal preocupação dos tucanos, que buscam uma estratégia para enfrentar o governo Lula em seu segundo mandato.

'É importante que essa bancada do PSDB seja coesa. Esse é um dos assuntos fundamentais a serem resolvidos pelo partido para o próximo ano', disse o deputado reeleito Julio Semeghini, organizador do encontro.

Porta-voz do grupo, ele reafirmou que a bancada topa conversar com Lula, mas 'não para posar para fotos'. 'Tem que ter uma agenda bem definida', ressaltou. Essa foi a primeira de uma série de reuniões dos deputados eleitos para definir o tom da bancada. O próximo encontro foi marcado para o dia 11.

Há divergências no partido sobre os limites para acordos ou cobranças dos atos do governo Lula, embora essa divisão não seja admitida em público. Os da ala alckmista defendem uma marcação mais ferrenha ao presidente; e há os que preferem uma posição mais light.

LIDERANÇA

A discussão mais urgente, no momento, é a escolha do líder da bancada na Câmara. O assunto não teria sido tratado no encontro de ontem, segundo Semeghini. 'Antes disso, o partido precisa chacoalhar a roseira, se reencontrar', justificou.

Nos bastidores, dois deputados disputam o posto: Sílvio Torres e Antonio Carlos Pannunzio. O primeiro é mais alinhado ao grupo de Alckmin. Pannunzio é a opção mais próxima de Serra. Por enquanto, não há consenso. Por isso, não é descartada pelos tucanos uma terceira via, um nome que seja do agrado dos dois grupos ou, ao menos, não tenha resistência entre essas forças.