Título: PFL terá nas mãos 15% do Orçamento de SP
Autor: Amorim, Silvia
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2006, Nacional, p. A15

Aliado de primeira hora do governo José Serra, o PFL terá com o tucano a maior participação da sua história na era do PSDB na máquina estadual. Com as indicações feitas até agora pelo governador eleito para o secretariado, o partido comandará nada menos do que 15% do Orçamento proposto para 2007. Isso significa que os pefelistas ficarão incumbidos de administrar R$ 12,6 bilhões no primeiro ano de gestão - o Orçamento do Estado está estimado em R$ 84,5 bilhões.

A fatia de recursos sob a responsabilidade de quadros do PFL pode crescer, já que é dada como certa a nomeação do deputado José Aristodemo Pinotti para reforçar o time do tucano. O pefelista é cotado para chefiar uma secretaria a ser criada para as universidades e as faculdades tecnológicas (Fatecs). A previsão de gastos para as duas áreas é de R$ 5 bilhões.

Os números explicam, em parte, a chiadeira de outros aliados (PTB e MD - antigo PPS) e dentro do PSDB que veio a público semana passada após as nomeações feitas por Serra. Nunca o PFL teve um espaço dessa magnitude nas gestões tucanas no Estado. Até então, a performance mais expressiva dos pefelistas havia se dado na gestão Geraldo Alckmin, quando o partido comandou duas secretarias - Justiça e Juventude, Esporte e Lazer - ou 1,68% do Orçamento previsto. Para 2007, já asseguraram três - Educação (Maria Lúcia Vasconcelos), Trabalho (Guilherme Afif Domingos) e Assistência Social (Rogério Amato).

ESTILO SERRA

A fatia gorda de recursos não é o único motivo para o descontentamento. No PSDB, por exemplo, alguns tucanos estão de bico mais pelo estilo de Serra do que pelas indicações. Alguns reclamam das decisões unilaterais do tucano e dizem que, ao nomear sem sequer consultar ou pedir opinião ao partido, ele demonstra desprezo pelos companheiros. Saudosistas de Mário Covas lembram que ele era bem diferente: podia até ter o nome definido, mas, por várias vezes, chamou deputados em seu gabinete para pedir opiniões sobre a pessoa cogitada só para deixar o político de ego inflado.

No PTB e na MD, a preocupação é com a perda de espaço - até agora não foram agraciados. No meio da semana, Serra se reuniu com os aliados e garantiu que o processo de acomodação política ainda está em andamento. Ele vem dizendo que não aceitará indicações políticas para cargos e que escolherá pessoalmente cada auxiliar da sua equipe.

Por enquanto o desenho do governo está assim: 13 secretários já definidos, a maioria de pastas estratégicas como Saúde, Educação, Segurança, Transportes Metropolitanos e Fazenda. Estão nomeados os comandantes de metade do Orçamento (R$ 42,4 bilhões). Restam secretarias importantes, como Habitação e Transportes, fora do jogo com os aliados.