Título: 'É necessária uma nova Constituição'
Autor: Lameirinhas, Roberto
Fonte: O Estado de São Paulo, 26/11/2006, Internacional, p. A26

Lucio Gutiérrez, coronel da reserva do Exército, foi eleito presidente em 2003. Em abril de 2005, dissolveu a Corte Suprema, causando a reação dos militares, que apoiaram a decisão do Congresso de declarar que ele tinha abandonado o poder. Exilou-se no Brasil, mas renunciou ao asilo em outubro, voltou e foi preso. Em março, a justiça lhe concedeu liberdade, mas manteve a cassação de seus direitos políticos. Em Quito, ele deu entrevista ao Estado.

Prefere que seu partido atue com Álvaro Noboa ou Rafael Correa?

A Sociedade Patriótica (partido de Gutiérrez) terá uma só atuação. Vamos apoiar o presidente em todos os projetos úteis ao país. Seja Correa ou Noboa, faremos uma oposição construtiva. Vamos nos opor, sim, a pacotaços econômicos, aumentos de tarifas, golpes de Estado e perseguição política.

O sr. concorda com a idéia de Correa de que o Equador precisa de uma Constituinte?

Nós também defendemos a necessidade de uma nova Constituição, mas propomos que o novo Congresso, onde teremos representantes legítimos de todas as províncias, se declare um Congresso Constituinte - para realizar reformas com estabilidade e tranqüilidade.

A única semelhança entre o sr. e Correa é a simpatia pelo venezuelano Hugo Chávez?

Há outras coincidências, como a idéia de promover uma reforma política. A diferença é que propomos uma reforma política de paz e não de enfrentamento, como Correa.

Qual avaliação o sr. faz da campanha para o segundo turno?

Vi com preocupação que dois candidatos preferiram atacar-se em vez de mostrar propostas. Queria, por exemplo, que Noboa explicasse como fará 300 mil casas populares por ano. Ou Correa esclarecesse como convocará uma Constituinte, já que a Constituição não lhe permite isso.

Em qual deles o sr. votaria?

Como ironicamente o presidente legítimo não vota por ter direitos políticos cassados, não me preocupo com isso (riso).