Título: Presidente busca plano mínimo com PMDB
Autor: Rosa, Vera
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2006, Nacional, p. A5

Na tentativa de afastar o fisiologismo das negociações, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a definir com o PMDB o 'programa mínimo' da coalizão de governo para o segundo mandato. Ao retomar ontem as conversas para a montagem do novo ministério, Lula disse que os partidos aliados com cargos no primeiro escalão terão de assumir 'o ônus e o bônus' de ser governo porque, quando houver crises, elas serão da responsabilidade das legendas.

A minuta preliminar do documento sobre a coalizão também foi apresentada ontem no início da noite, em reunião de Lula com os ministros que compõem a coordenação política do governo, no Palácio do Planalto.

Seguidor da corrente que prega o desenvolvimentismo, o economista Luciano Coutinho está contribuindo com a redação do programa, que vai prever uma agenda de crescimento para o País, aliada às reformas. A parte política é preparada pelo ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, com sugestões do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

Apesar de procurar cercar os entendimentos de discrição, Lula conversou ontem com Jader e com os senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL), presidente do Congresso, e José Sarney (AP). Também exibiu suas idéias para o programa da coalizão ao governador do Acre, Jorge Viana (PT), que esteve no Planalto pela segunda vez em menos de uma semana.

Viana é cotado para assumir a articulação política do governo, hoje nas mãos de Tarso, que deve ir para outro ministério. Nas fileiras do PMDB, também é citado para o cargo o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim.

QUEIXAS

Ignorado por Lula, o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), protestou contra a falta de 'institucionalidade' na relação entre o governo e o partido. O alvo das suas queixas é o trio composto por Renan, Sarney e Jader, um ex-inimigo acusado de corrupção pelo próprio PT e hoje aliado do governo.

'Eu achei que esse fosse o momento da unificação, de tirar do PMDB essa pecha de fisiologismo, mas as práticas usadas estão levando a dissensões', reclamou Temer. 'Não quero participar dessa institucionalização do fisiologismo', disse.

'É utópico achar que uma só pessoa representa todas as correntes do PMDB', reagiu Renan. Ele procurou pôr panos quentes, para não alimentar a polêmica no PMDB. 'Eu defendo a interlocução mais ampla possível, com todos os segmentos partidários', observou.