Título: Derrotados buscam vaga no TCU
Autor: Madueño, Denise
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2006, Nacional, p. A7

Derrotados nas urnas, deputados já estão em campanha na Câmara por um posto no Tribunal de Contas da União (TCU). Na vaga mais cobiçada no Congresso neste fim de mandato, o nomeado terá direito a cargo vitalício com um salário de R$ 23.275, maior do que os R$ 12.847 pagos aos parlamentares. Além disso, os vencimentos são atrelados aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) - 95% do valor -, o que significa garantia de que não ficarão defasados.

Até agora, oito candidatos já foram indicados pelos partidos. Mas esse número pode crescer, pois o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP) estabeleceu prazo até dia 21 para o registro de candidaturas.

O PT indicou ontem o deputado petista Paulo Delgado (MG) para concorrer à vaga no TCU. 'É uma candidatura de muita qualidade que oferecemos ao Parlamento. Ele tem um trânsito bom na Casa e respeitabilidade', argumentou o líder do partido na Câmara, Henrique Fontana (RS). Ele explicou que o PT agora vai buscar apoio para seu candidato.

NOMES

O PFL formalizou a candidatura do deputado Aroldo Cedraz (BA); o PSDB indicou o deputado Gonzaga Mota (CE); o PTB, Antonio Fleury Filho (SP); o PMDB, Osmar Serraglio (PR); o PDT, Ademir Camilo (MG); o PSB, o ex-deputado José Antonio Almeida (MA), e o PSC propôs a nomeação do secretário-geral da Mesa, Mozart Viana. Considerado um funcionário exemplar da Câmara, com mais de 30 anos de trabalho na Casa, Mozart deve receber também o apoio formal do PSOL.

Dos deputados que até agora entraram na disputa pela vaga no TCU, apenas Serraglio e Camilo conseguiram se reeleger em outubro. Ex-deputado, Almeida tentou voltar à Câmara nesta eleição, mas não conseguiu. Para chegar à indicação, grande parte dos deputados precisou passar por eleições internas em suas bancadas, por causa do grande interesse de parlamentares de um mesmo partido em ocupar a vaga no tri bunal.

A Câmara e o Senado se revezam na indicação de dois terços dos nove ministros do TCU. Cabe ao presidente da República, de acordo com a Constituição, indicar um terço dos integrantes do tribunal.

POLÊMICA

Aldo não marcou ainda a data da eleição, que deve ocorrer no fim do mês ou no início de dezembro. A escolha é secreta, com votação em cédulas, em turno único e com decisão por maioria simples. Atualmente há duas vagas no tribunal a serem preenchidas.

Para uma delas, o Senado aprovou o nome do senador Luiz Otávio (PMDB-PA), candidato à reeleição derrotado em outubro, mas a indicação não foi votada ainda pela Câmara. A escolha do senador, acusado de fraude em financiamento no Banco do Brasil, provocou reação negativa no TCU e o então presidente do tribunal, Adilson Mota, chegou a declarar que não lhe daria posse.