Título: Aécio propõe que União abra mão de receitas
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/11/2006, Nacional, p. A10

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), propôs ontem que o governo federal aceite negociar a desconcentração do bolo tributário, já que 80% do que se recolhe de imposto no Brasil fica em mãos da União. Após um encontro com o ex-candidato Geraldo Alckmin e a governadora eleita Yeda Crusius (RS), ele sugeriu também que o governo Lula transfira toda a malha rodoviária federal para os Estados, que ficariam com a totalidade da arrecadação da Contribuição de Intervenção do Domínio Econômico (Cide), cobrada no preço dos combustíveis.

Aécio, Yeda e Alckmin disseram que cada Estado terá uma agenda a cumprir com os governos eleitos, mas o PSDB quer formular, também, uma agenda nacional, para discutir com o governo Lula. Para os três, a base dessa agenda é a desconcentração do bolo tributário; além do repasse total da Cide, Aécio falou na unificação do ICMS - para acabar com a guerra fiscal - e na transferência dos recursos do Pasep para os Estados.

'Não se administra um país das dimensões e da complexidade do Brasil de forma tão concentrada', pregou o mineiro. Sem usar tom de ameaça, ele lembrou que muitos governadores eleitos pela base do governo vão aderir à idéia da desconcentração de receitas. 'Nós teremos força e condições políticas para impor uma negociação política que será boa para o Brasil', disse ele, observando que, 'se não negociar com a oposição, o governo terá imensa dificuldade para aprovar as medidas de seu interesse'.

Aécio afirmou que o PSDB precisa descobrir propostas que voltem a falar 'à alma das pessoas'. Para ele, 'ser oposição é bom para reciclar'. Mas observou que até 2010 o PSDB estará 'muito cansado' de ficar 'tanto tempo' na oposição.