Título: Presidentes do PSDB e do PFL tentam quebrar sigilo de ex-assessor de Lula
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2006, Nacional, p. A4

Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva jogar no PT a culpa pelo escândalo da compra do dossiê Vedoin, a oposição insiste em vincular o episódio ao Palácio do Planalto. Com esse objetivo, os presidentes do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), e do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), entregaram ontem ao corregedor eleitoral, César Rocha, pedido de quebra de sigilo telefônico de Freud Godoy, amigo e ex-assessor de Lula. Os opositores de Lula querem associar Freud à 'turma da lama', como definiu Tasso.

Os senadores acreditam que o corregedor aceitará o pedido, obrigando o Planalto a informar os números do celular e do telefone fixo de Freud. Com esses dados, a empresa de telefonia rastrearia as ligações de 5 de julho - início da campanha - a 24 de setembro e repassaria à Justiça Eleitoral. Seriam investigados também os números de telefones particulares do ex-assessor.

Na tentativa de mostrar o envolvimento de Freud com os acusados na compra do dossiê e fazer o elo com o Planalto, o pedido de quebra de sigilo estende-se ao empreiteiro e petista Valdebran Padilha, ao advogado Gedimar Passos e ao presidente do PT, Ricardo Berzoini.

A próxima iniciativa da oposição será pedir a quebra do sigilo telefônico do ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Afonso Veloso. Segundo Tasso, a idéia é fazer a conexão do BB com o 'serviço de espionagem da campanha de Lula'. Bornhausen ainda cobrou do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a fotografia do dinheiro apreendido, que, segundo ele, foi 'escondida pela Polícia Federal'.

Ontem, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) notificou Bastos e Berzoini a respeito da investigação contra eles, Lula, Freud, Valdebran e Gedimar. O julgamento do TSE não deverá ocorrer neste ano, pois há uma série de prazos a ser cumpridos.

CERTEZA

O novo coordenador da campanha de Lula, Marco Aurélio Garcia, esteve ontem no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e disse que certamente serão encontrados telefonemas entre Lula e pelo menos um dos suspeitos.

'Não precisa nem abrir o sigilo telefônico do presidente do PT e do presidente Lula. Sendo o presidente Lula do PT, haverá (ligações)', afirmou. 'É absolutamente sem conseqüência prática.' Garcia afirmou, ainda, que Tasso e Bornhausen não têm autoridade política e moral para lançar sombras sobre a eleição.

Ele esteve ontem no TSE conversando com o presidente da Corte, Marco Aurélio Mello. Na última semana, houve um desentendimento entre os dois por causa do episódio do dossiê. Marco Aurélio havia dito que o conjunto de suspeitas surgidas nos últimos tempos era pior que o caso Watergate. 'Transmitimos ao ministro o apreço e respeito do PT e do presidente Lula pelo TSE', disse Garcia.