Título: CPI pede ao Coaf lista de saques acima de R$ 100 mil
Autor: Filgueiras, Sônia
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2006, Nacional, p. A6

Enquanto lideranças da oposição acusavam ontem o ministro da Justiça de comandar uma 'operação tartaruga' nas investigações do dinheiro que abasteceu o dossiê Vedoin, a CPI dos Sanguessugas pedia ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) uma relação com todos os saques suspeitos ou acima de R$ 100 mil feitos nas agências dos bancos Safra, BankBoston e Bradesco localizadas no Rio e em São Paulo realizados entre os dias 10 e 15 últimos. O pedido foi feito pelo sub-relator de sistematização da CPI, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que quer investigar a origem do dinheiro destinado à suposta operação de compra de um dossiê contra políticos tucanos.

O Coaf se comprometeu a entregar essa lista de saques suspeitos ainda hoje. Sampaio disse ao Estado que depois de examinar as movimentações mais significativas, se existirem, a CPI pedirá à PF que identifique seus titulares.

Até o momento, o Coaf não conseguiu identificar nenhuma movimentação suspeita em nome dos suspeitos de envolvimento na compra do dossiê. Para Sampaio, isso aponta para a hipótese de que o dinheiro não tenha sido sacado recentemente. 'Minha avaliação é de que o saque foi de apenas R$ 25 mil (quantia apreendida pela PF condicionada em cintas dos bancos sacados)', disse. 'O restante devia estar guardado em algum cofre.'

Sampaio e o presidente da CPI dos Sanguessugas, Antônio Carlos Biscaia (PT-RJ), estiveram ontem reunidos com o presidente do Coaf, Antônio Gustavo Rodrigues. Os dois parlamentares afastaram a hipótese de leniência do Coaf. 'Não há elemento que indique isso. Ficamos quase duas horas na reunião e foram feitas consultas online de todos os dados que solicitamos', disse Biscaia. 'Não há má-fé nem demora do Coaf. Esse dinheiro é antigo e estava muito bem guardado.'

Apesar dessa avaliação do presidente da CPI, a oposição atacou a lentidão com que estariam sendo tocadas as investigações. 'É uma operação-tartaruga comandada pelo advogado criminalista de Lula, o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos', afirmou o senador Jorge Bornhausen (PFL-SC). Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), todos os especialistas informam ser fácil identificar a entrada dos dólares: 'A PF tem de dar explicações ao País para não ficar a idéia de que enrolou a população e esperou as eleições.'

'Assim que o Coaf tiver a resposta - se tiver, porque há coisas que não se consegue apurar -, os resultados serão transmitidos aos órgãos competentes', afirmou, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que justificou a demora na identificação da origem dos recursos. 'É possível que essas operações (do dossiê) sejam abaixo de R$ 100 mil e não tenham sido registradas e fiscalizadas pelo Coaf.'