Título: Tarso Genro ironiza FHC e diz que adversários tentam golpe branco
Autor: Nossa, Leonencio
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2006, Nacional, p. A8

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, criticou ontem o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e voltou a dizer que a oposição tem tido uma postura 'golpista'. Segunda-feira, FHC defendeu a 'expulsão', no dia 1º de outubro, do 'demônio' Luiz Inácio Lula da Silva. 'Fernando Henrique, que já foi ateu, fez uma declaração bem-humorada', ironizou Tarso. 'Uma vez ele (FHC) disse que não acreditava em Deus, agora gosta de demônio e quer esquecer os vampiros.' Para o ministro, a oposição também tenta um 'golpe branco'.

Em entrevista no Palácio do Planalto, o ministro disse que os tucanos, especialmente o ex-presidente, continuarão demonstrando omissão e conivência com o 'crime organizado' e a quadrilha dos vampiros - esquema de superfaturamento de hemoderivados no Ministério da Saúde - enquanto não derem explicações sobre as fraudes, que teriam começado em 1998. 'Quem pegou a quadrilha foi o governo Lula', atacou. Tarso reconheceu, no entanto, que é 'constrangedor' para o governo e o PT que petistas e aliados, como o ex-ministro e candidato do partido ao governo de Pernambuco, Humberto Costa, sejam citados nas denúncias.

Tarso disse que Lula responderá amanhã de manhã à TV Globo se participará do debate dos presidenciáveis promovido pela emissora nesse mesmo dia. Segundo ele, o presidente analisa se deve ou não enfrentar o 'lacerdismo pós-moderno' representado pelos adversários Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT).

O ministro chamou de tentativa de 'golpe branco' a representação do PSDB e do PFL contra Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por suposto envolvimento no escândalo do dossiê Vedoin. 'Essa representação é golpismo de terceira categoria', disse. 'Eles já estão declarando que perderam a eleição e tentam um golpe branco, não um golpe militar, mas um golpe político sem a mínima credibilidade.'

Na avaliação de Tarso, a representação de pefelistas e tucanos é inviável jurídica e politicamente e inaceitável do ponto de vista democrático. 'Em relação ao dossiê, o presidente acha que deve apurar e punir em todos os níveis', afirmou. 'Se julgar, (o TSE) vai evidentemente considerá-la improcedente ou arquivá-la'.