Título: Petrobrás admite escassez do produto
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2006, Sem gás, 5 térmicas estão paradas, p. B6

A falta de novos investimentos em campos de gás natural da Bolívia nos próximos anos pode comprometer o suprimento ao mercado brasileiro, admitiu ontem o diretor financeiro da Petrobrás, Almir Barbassa. 'Todos os campos entram em declínio. Lá não é diferente, apesar da folga que havia entre reserva e produção. Se não houver mudanças nas condições atuais, vai faltar investimento. E isso certamente comprometerá os contratos', afirmou.

Barbassa ressaltou, entretanto, que 'esses problemas' são uma ameaça futura, para 'dois ou três anos'. Até lá a Petrobrás planeja contar com novas fontes de produção interna, além de dar início às operações de regaseificação de Gás Natural Liquefeito (GNL). 'Uma falta de gás neste período não causaria problema algum à economia brasileira', disse.

Segundo ele, os problemas de suprimento devem aparecer 'na metade do prazo' de vigência do contrato com a Bolívia, que termina em 2019. 'O suprimento ao Brasil se manteve estável e continua firme, mas nossa visão de longo prazo mostra que essa situação não tem como ser mantida', admitiu, lembrando que as regras para taxação da produção baixadas pelo governo boliviano em maio deste ano 'desestimulam qualquer novo investimento no País'.

'Estamos pagando taxas equivalentes a 82%. O que sobra cobre os custos de produção, mas não permite uma nova injeção de capital para elevar o volume produzido', disse. A Petrobrás, frisou, já tem definida a suspensão completa de seus investimentos na Bolívia, mantidas as atuais condições.

Segundo ele, com relação às negociações com o governo boliviano na área de refino, a situação corre bem. 'Diria que as negociações estão mais para tranqüilidade do que para intranqüilidade', afirmou. KELLY LIMA

FRASES

Almir Barbassa Diretor financeiro da Petrobrás

'Se não houver mudança nas condições atuais, vai faltar investimento. E isso certamente comprometerá os contratos'

'Os problemas são uma ameaça futura, para daqui a 2 ou 3 anos. O suprimento tem se mantido estável, mas não tem como ser mantido no longo prazo'