Título: Estatal retoma negociações
Autor: Pamplona, Nicola
Fonte: O Estado de São Paulo, 27/09/2006, Sem gás, 5 térmicas estão paradas, p. B6

A Petrobrás e o governo da Bolívia iniciaram ontem novas conversas sobre o negócio petroleiro no país depois do decreto de nacionalização dos hidrocarbonetos assinado em maio pelo presidente Evo Morales. Serão realizadas reuniões até sexta-feira, que terão a participação de equipes técnicas.

A expectativa é de que as comissões avancem as negociações sob a perspectiva de definir os novos preços do gás que a Bolívia exporta para o Brasil. 'Estamos preparando todas as informações para a vinda do ministro brasileiro de energia, Silas Rondeau', disse o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas.

Ontem, a assessoria do Ministério das Minas e Energia do Brasil informou ter recebido um documento assinado por Villegas, que confirma a realização de um encontro entre ele e Rondeau no dia 9 de outubro. O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, disse que também participará da reunião.

A data havia sido sugerida por Rondeau, depois que ele e Gabrielli cancelaram a viagem à Bolívia que fariam no dia 15 deste mês. O cancelamento foi uma reação política à decisão boliviana de tomar o controle financeiro das duas refinarias da Petrobrás na Bolívia.

Villegas prometeu que o governo boliviano não vai encorajar um distanciamento com o Brasil e exortou os dois países a deixar de lado posições que mantiveram travadas as negociações. 'Estamos seguros de que a Bolívia tem papel importante na política energética do Brasil. Mas reconhecemos que o Brasil tem um peso específico para a Bolívia.'

O presidente da Petrobrás, José Sergio Gabrielli, acredita que as perspectivas para a solução dos problemas com a Bolívia 'são boas'. Segundo ele, as negociações estão encaminhadas. 'As discussões continuam', disse o executivo em Montevidéu, no Uruguai, onde estava ontem para inaugurar uma rede de distribuição de combustíveis da Petrobrás. Também na capital uruguaia, o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, disse esperar que o conflito com a Bolívia se resolverá até o fim deste ano.