Título: Lula estanca queda e vence no primeiro turno, indica Ibope
Autor: Marchi, Carlos
Fonte: O Estado de São Paulo, 28/09/2006, Nacional, p. A4

Os índices dos principais candidatos à Presidência não se moveram e o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sustentou uma vantagem de 5 pontos porcentuais sobre a soma de seus adversários, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem pela TV Globo. Com os novos números, Lula mantém a hipótese de vencer já no primeiro turno. Ele oscilou 1 ponto porcentual para cima e chegou aos 48%, enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) oscilou 1 ponto para baixo e ficou com 32%.

Na pesquisa Estado/Ibope divulgada ontem, Alckmin aumentou sua vantagem sobre Lula em São Paulo. Mas, apesar disso, o presidente conseguiu melhorar o seu porcentual no Sudeste (de 38% para 42%), transformando em êxito a ofensiva que, na última semana, desfechou na região. Alckmin fez um trajeto inverso: apesar dos 2 pontos que ganhou em São Paulo, perdeu 3 na soma do Sudeste (de 38% para 35%).

Na soma final, o resultado da nova pesquisa praticamente repetiu a pesquisa Estado/Ibope publicada no domingo, que tinha registrado uma frente de apenas 3 pontos para garantir a vitória de Lula no primeiro turno. Com a ligeira dança dos números de agora, Lula melhorou o seu total de votos válidos, passando de 52% para 53% (para ganhar no primeiro turno, ele deve conquistar 50% mais 1 voto).

Num eventual segundo turno (que até o momento não se caracterizou numericamente, porque Lula venceria no primeiro), o petista venceria o tucano por 52% a 40% (50% a 41% na pesquisa Estado/Ibope), com ligeiras alterações cobertas pela margem de erro.

As intenções de voto dos outros candidatos não se movimentaram agora: Heloísa Helena (PSOL) segue estacionada em 8%, Cristovam Buarque (PDT) continua com 2% e Ana Maria Rangel (PRP) segue com 1%. Na pesquisa espontânea, ambos subiram: Lula, de 39% para 42%; Alckmin, de 23% para 25%. O número de indecisos desceu de 24% para 20% e os porcentuais de votos em branco e nulos não se alteraram nas últimas pesquisas.

Os níveis de rejeição dos principais candidatos não sofreram grandes alterações desde a pesquisa anterior. Lula se manteve estabilizado em 30%; Alckmin oscilou de 23% para 24%, na margem de erro da pesquisa; Heloísa subiu de 24% para 26% e Cristovam, de 20% para 22%.

Lula cresceu 4 pontos (de 29% para 33%) entre os eleitores que têm curso superior; na mesma faixa, Alckmin perdeu 3 pontos (de 41% para 38%). A grande perda do tucano, no entanto, foi nos chamados grotões, o conjunto das cidades até 20 mil habitantes: nelas, ele caiu 5 pontos e desceu do excelente índice de 39%, que conquistara na pesquisa anterior, para 34%.

Os dois candidatos fizeram movimentos erráticos no segmento dos níveis de renda. Lula subiu 6 pontos nos que ganham mais de 10 salários mínimos (de 26% para 32%); perdeu 4 nos que ganham entre 2 e 5 salários (de 47% para 43%); e ganhou 5 nos que ganham entre 1 e 2 salários mínimos (de 50% para 55%). Alckmin perdeu 6 pontos (de 33% para 27%) nos que ganham entre 1 e 2 salários e ganhou 5 (de 22% para 27%) nos que ganham até 1 salário.

Lula chega às vésperas da eleição, após uma campanha em que teve muitos altos e alguns baixos. Quando a eleição presidencial começou a surgir no horizonte, em dezembro de 2005, desgastado pelo escândalo do mensalão, ele chegou a perder, por 37% a 31%, uma simulação para José Serra (PSDB), na pesquisa Ibope daquele mês.

A partir de janeiro, a massiva campanha de publicidade desfechada pelo governo gradativamente elevou os índices de avaliação do governo e, ao mesmo tempo, os indicadores eleitorais do presidente. Em março Lula já tinha uma boa frente sobre Alckmin (43% a 19%).

AVALIAÇÃO DO GOVERNO

A avaliação do governo não sofreu grandes alterações desde a semana passada. A avaliação positiva (ótimo/bom) oscilou de 43% para 44% e a avaliação negativa (ruim/péssimo) também subiu de 20% para 21%. Os índices de avaliação do desempenho do presidente não se alteraram: 56% aprovam sua performance e 37% desaprovam.

A pesquisa Ibope foi a campo entre os dias 24 e 26 de setembro, ouvindo 3.010 eleitores em 200 municípios, com margem de erro de 2 pontos porcentuais para cima ou para baixo.